Esmeraldas

Moradores estão sem água há um mês, em meio a desperdício da Copasa

Enquanto os moradores do bairro Dumaville sofrem com a falta de água, reservatório da Companhia jorra água; problema com o vazamento foi resolvido nesta sexta, segundo a empresa

Por JULIANA BAETA
Publicado em 16 de janeiro de 2015 | 15:59
 
 
Segundo a moradora, somente ela já fez mais de cinco pedidos de caminhão pipa não atendidos JOSSELANE LOPES/WEB REPÓRTER

Após recorrer à Polícia Militar e à Copasa e não terem as reclamações atendidas, moradores do bairro Dumaville, em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, pretendem criar uma comissão e organizar manifestações para tentar solucionar o problema da fala de água na região, que já completa 30 dias. 

"A situação é desesperadora. A gente está sendo tratado igual animal aqui, simplesmente não tem água. Eu ainda consigo comprar água pros meus filhos beberem pelo menos, mas a minha vizinha, por exemplo, que tem cinco filhos, e passa por mais necessidade, não. Aqui no bairro tem muitas crianças, muitos idosos e uma pessoa com um grave problema de saúde. Você não faz ideia do que é ficar um mês sem água. Não é uma hora, não é um dia. É um mês", relata a dona de casa Josselane Lopes Reis Silva, de 30 anos.

Segundo ela, os moradores do bairro travam uma luta desde o dia 22 de dezembro para tentar negociar com a empresa. "Fomos a Polícia Militar e o comandante organizou uma reunião com a gente e um representante da empresa, e a desculpa da Copasa é de que houve um aumento populacional excessivo aqui na região, de uma hora pra outra, e que esse seria o motivo da falta de água. Foi decidido que deveríamos dividir o bairro em três partes, como se fossem vilas, e cada uma dessas partes iria receber cerca de seis horas de água por dia. Teve um dia que até veio um representante da Copasa aqui, dizendo que ia ligar o registro e que em duas horas minha caixa ia estar cheia de água. Ela continuou foi cheia de vento. Pergunta se alguém recebeu esse abastecimento aqui? Ninguém. É muito difícil viver assim. Você sonha a sua vida toda em ter uma casa, e quando tem, esse sonho vira um pesadelo", disse a moradora.

Os moradores também pediram caminhões-pipa para a empresa, outro pedido que não foi atendido. "Vamos fazer uma reunião aqui com os moradores, às 16h, para organizar a nossa manifestação para a próxima segunda-feira. Infelizmente, não tem outro meio. Tentamos com palavras, com diálogo, com negociações, com procuras, nada resolveu. Vamos criar uma espécie de comissão, pra ver se conseguimos resolver isso de algum modo, porque não está dando mais pra viver assim", contou Silva.

Em Esmeraldas, o abastecimento de água é feito por poços artesianos, e as casas do bairro, que os moradores conseguiram por meio de financiamento junto a Caixa Econômica Federal, são padronizadas. Todas elas tem uma caixa d´água com capacidade para 500 litros. A solução de Josselane foi comprar com o dinheiro do próprio bolso uma outra caixa, já com água. 

Pedidos insistentes foram feitos a Copasa, mas mesmo com promessas e acordos, os moradores do bairro continuam sem água. "Eu uso o mínimo possível de água. Por exemplo, a água que o meu filho de 2 anos toma banho, eu guardo, e depois a minha filha de 13 toma banho com ela, e depois eu uso a água na descarga. Não lavamos mais vasilha, usamos copos descartáveis. A comida eu estou fazendo a mais simples possível para gastar o mínimo possível de água. Estamos vivendo em condições sub-humanas", lamenta.

No entanto, mesmo sem água, as contas de água continuam chegando para os moradores. 

Contraste

Ao mesmo tempo em que os moradores sofrem com a falta do abastecimento de água há um mês, eles são obrigados a conviver com o desperdício de água por parte da própria empresa. É que uma caixa da Copasa, localizada no bairro Tropeiro, costuma "jorrar" água todas as madrugadas e manhãs, segundo os moradores. "É só passar lá de madrugada ou de manhã que você vai ver o flagrante de desperdício", contou ainda Josselane.  

Resposta

Por meio de nota, a Copasa informou que o motivo da falta de abastecimento no bairro é o forte calor e as poucas chuvas. "As partes altas do bairro Dumaville, em Esmeraldas, estão com intermitência no abastecimento". A empresa também disse que iniciou a perfuração de mais um poço profundo no dia 11 de janeiro para reforçar o abastecimento do local, já que os dois últimos poços perfurados não forneceram volume de água suficiente para utilização, em função do aumento do consumo.

Já sobre o vazamento, a empresa informou que uma equipe técnica corrigiu "o extravasamento no reservatório de água no bairro Tropeiro", nesta quinta-feira (16).