Motoristas do aplicativo de transporte Uber paralisam suas atividades nesta quarta-feira (8) pelo período de 24 horas em inúmeras capitais do país. Em Belo Horizonte, eles prometem se concentrar na Praça do Papa, na região Centro-Sul e no Mineirão, na região da Pampulha, na parte da manhã.
O movimento global acontece na semana em que a Uber promete fazer sua estreia na Bolsa de Valores. Se nos Estados Unidos e no Reino Unido os motoristas reivindicam melhorias nas taxas pagas pela companhia aos profissionais, no Brasil eles também questionam a alta do preço dos combustíveis, incompatível com o valor recebido nas corridas.
A paralisação global ganhou o nome de "Uber Off" e, na capital mineira, o protesto está sendo organizado espontaneamente pela classe, através de grupos de WhatsApp e vídeos em canais do Youtube coordenados por motoristas famosos.
"No grupo que participo todos os 50 motoristas vão aderir ao movimento, ninguém vai ligar o aplicativo. Estamos reivindicando mais segurança para trabalhar e ajustes nas taxas pagas aos motoristas. Ainda tem a gasolina, recebemos pouco e o preço combustível está cada vez mais alto", pontuou o motorista Guilherme Oliveira, de 33 anos. Ele trabalha com o aplicativo há três anos.
Em alguns postos da capital mineira, o litro da gasolina já custa R$ 5 e, muitas vezes, o valor recebido pelas corridas sequer consegue bancar o gasto com o combustível.
"A gasolina está só aumentando. Quando eu comecei a rodar na Uber, há dois anos e meio, trabalhava sete ou oito horas por dia e recebia, bruto, cerca de R$ 2 mil. Hoje, para conseguir o mesmo valor preciso rodar 16 horas", desabafou um motorista que preferiu não ser identificado.
Outro questionamento feito por motoristas de Belo Horizonte é a diferença nas taxas pagas por quilômetro rodado na capital e na região metropolitana. "Nas regiões de Venda Nova, Barreiro e Contagem, por exemplo, nós recebemos só R$ 0,90 pelo quilômetro, enquanto que em BH recebemos R$ 1,16. Tem corrida que a gente roda dez quilômetros para ganhar R$ 9", comenta Guilherme.
Inclusive, uma mudança promovida pela Uber na tarifa paga ao motorista por viagem é algo que incomoda os profissionais. "Antigamente, a Uber cobrava os 25% deles e nós víamos o valor pago pelo passageiro. Agora a tarifa é calculado por quilômetro rodado e tempo de corrida. A gente não fica sabendo o valor que o passageiro pagou quando é no cartão. Em algumas corridas a empresa fica com quase 50% do valor", comenta profissional que preferiu ter a identidade preservada.
A Uber informou que não irá comentar o assunto.