Rio Paraopeba

Movimentos pró-rios de Minas se reúnem em fórum e criticam ações da Vale em Brumadinho

Os organizadores do encontro pedem a inclusão de conselheiros dos movimentos pró-rios na recuperação do rio Paraopeba

Qua, 13/02/19 - 14h08
58° edicão do Fórum Mineiro de Comitês das Bacias Hidrográficas. | Foto: Michelyne Kubitschek/Webrepórter

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Ao som de apitos e entoando a frase "Não, não, não foi acidente. A Vale mata peixe, mata rio e mata gente", representantes dos comitês que atuam em defesa das bacias de rios de Minas Gerais se reúnem nesta quarta-feira (13), no Centro da capital, na 58° edição do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas.

O objetivo do encontro, segundo organizadores, é a inclusão de conselheiros dos movimentos pró-rios no processo de recuperação da bacia do rio Paraopeba, afetado por rejeitos provenientes do rompimento da Barragem I da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro. Um documento com a reivindicação teria sido encaminhado ao Governo de Minas e a Vale logo após a tragédia, mas conversas ainda não teriam sido iniciadas por nenhum dos órgãos.

Até o momento, a tragédia com a barragem da Vale matou 166 pessoas e deixou outras 155 desparecidas. Deputados de diversos partidos também integraram a mesa e realizaram apelo aos membros dos comitês para que a população, sobretudo moradores de áreas próximas a barragens sejam conscientizados sobre riscos e sobre o papel das mineradoras em manter a segurança ambiental e de moradores do entorno de barragens. 

Carregadas de críticas a mineradora Vale, falas de diversos participantes, como a do presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Winston de Souza, apontaram erros no monitoramento. Ele classificou as perdas como "imensuráveis". "Estamos revivendo Mariana, mas com mais perdas humanas. O rio Paraopeba está morrendo, e a Vale não nos responde sobre nós, que realmente sabemos das condições dos rios, sermos os protagonistas nos processos de recuperação. Essas membranas são ações emergenciais, mas que ainda demoraram muito para serem instaladas. Esse dano é imensurável e irreversível", afirmou.

Conforme mostrado pela reportagem de O Tempo nesta quarta-feira, o promotor Frederico Chaves Generoso, do Ministério Público Estadual, destacou ação ajuizada contra a Vale. No documento são cobradas previdências à mineradora-dentre os pedidos estão a elaboração de lista com o número de moradores em áreas próximas a barragens em estado de atenção e criação de um plano de segurança envolvendo os empreendimentos-sob pena de multa de R$1 milhão por dia de atraso no cumprimento. A ação foi deferida em audiência de conciliação dia 8 de fevereiro. 

A Vale confirmou notificação por parte da justiça e, ainda, que irá acionar medidas legais cabíveis em relação a determinação judicial. "O trabalho do MP será muito próximo à comunidade e aos membros dos órgãos aqui representados. As apurações para as devidas responsabilizações penais cabíveis estão em pleno andamento", afirmou Generoso, sem dar detalhes.

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