"Eu senti que ele ia fazer alguma coisa com ela. Eu não consegui salvar a vida da minha filha. Eu tentei, mas não consegui. Ele matou minha filha em cinco segundos". A fala desesperada é da pensionista Joelma Silva Machado, de 48 anos, que viu a filha, Luana Cristina da Silva Rosa, de 19, ser assassinada pelo ex-companheiro da jovem no bairro Mantiqueira, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte. Nesta quarta-feira (21), a Polícia Civil deu detalhes do caso e afirmou que a vítima já tinha uma medida protetiva. 

O crime aconteceu na última sexta (16), na porta da casa de Luana, quando Gleisson Fábio de Souza, de 26 anos, usou a desculpa de ir visitar o filho para se aproximar da ex, com quem se relacionou por cerca de dois anos.

"O autor decidiu colocar fim na vida da Luana quando soube que ela estava se relacionando com outra pessoa. Ele pegou uma faca em casa e deslocou até o local do crime. Chamou pela vítima falando que queria visitar o filho. Nessa inocência, a vítima, não acreditando que ele não faria qualquer coisa, entregou o filho. Ele ficou por alguns minutos e, no momento em que foi entregar, desferiu o golpe", explicou a delegada Ingrid Estevam, Núcleo Especializado na Investigação de Feminicídios. 

Joelma tentou defender a filha, mas também foi atingida. Além da criança que teve um ferimento no pé. 

Após o crime, o homem fugiu e se entregou nessa terça-feira (20). À Polícia Civil, ele disse que pretendia matar o atual namorado de Luana, que, supostamente, teria o ameaçado primeiro.

 "Ficou comprovado por meio de testemunhas e o histórico de agressão e ameaças que ele queria matar a própria Luana", destacou a delegada. 

Ameaça matar o filho

Em setembro de 2018, Luana compareceu à delegacia e conseguiu uma medida protetiva. O agressor nega que tenha feito outras ameaças à ex. 

"O relacionamento era muito conturbado. Ela denunciou várias vezes. A medida protetiva não adiantou nada. A Justiça não fez nada, mais uma vez falhou. Olha o que ele fez com a vida da minha irmã. E, antes de ser preso, ele mandou recado dizendo, quando sair da prisão, vai matar o filho e se matar. Ele disse que a prisão não vai ser perpétua e vai sair", disse a dona de casa Jennifer Rafaela Ferreira, de 26 anos.

Criação do neto

Ainda se recuperando dos ferimentos, Joelma se preocupa com a criação do neto, filho de Luana. "Ele é minha vida. É o pedacinho dela que ficou comigo. Eu vou fazer dele um homem de bem. O que o Gleissson fez não tem perdão, foi covardia. Eu acredito que a Justiça vai ser feita", finalizou. 

Segundo a polícia, Gleisson já tinha registros policiais por ameaças a outras pessoas, agressão física e uso de drogas. Ele foi encaminhado ao sistema  prisional.

Feminicídios em BH

De acordo com a Polícia Civil, de janeiro a agosto deste ano, foram registrados oito feminicídios em Belo Horizonte. Desses, seis autores foram presos, um se matou e um segue foragido.