O nível dos reservatórios de água nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, consideradas a “caixa d’água” do país, atingiram o pior índice para o mês de janeiro desde 2015. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a média no primeiro mês desse ano foi de 23,24%. Em janeiro de 2015, o período mais crítico desde 2010, foi de 17,04%. Em Minas Gerais, o nível de alguns reservatórios utilizados na produção de energia preocupa, mas não há sinal de que possa haver racionamento no Estado, segundo a Cemig.
Segundo o engenheiro de planejamento hidroenergético da concessionária, Diogo Carneiro, atualmente, os níveis mais preocupantes são dos reservatórios localizados no Triângulo, mas outras regiões também estão em alerta. “Principalmente a bacia do rio Paranaíba e a bacia do Rio Grande são as duas mais preocupantes em questão de armazenamento hoje. A usina de Nova Ponte, por exemplo, está com 11,13% (da capacidade total). Já a usina de Furnas, que está em outra região e não é operada pela Cemig, está com 24,69%”, detalhou.
Diogo Carneiro pontua que há perspectiva de melhora para os próximos dias, devido à previsão de chuva. “Para o próximo fim de semana, temos uma frente fria se formando no Sudeste com bastante chuva, começando na sexta-feira e indo até mais ou menos quinta-feira que vem”, ponderou.
De acordo com o ONS, as regiões Centro-Oeste e Sudeste registraram, entre outubro e dezembro de 2020, os piores índices em níveis de reservatórios dos últimos 90 anos. O cenário, no entanto, ainda é otimista, já que o índice, que foi de 17,84% em novembro, chegou a 23,29% anteontem.
Diogo Carneiro afirma que como 2020 foi um ano mais chuvoso, a situação ainda não é das piores. “Em questão de risco de abastecimento de energia, não temos isso por enquanto. Em 2020, chegamos a operar Três Marias e Camargos com 100%; a própria Nova Ponte chegou a 45%, então a gente já estava com um estoque melhor”, explica o engenheiro de planejamento hidroenergético da Cemig.
Tarifa
Conta deve ter taxa extra todo este ano, prevê concessionária - A recuperação lenta dos níveis dos reservatórios no Brasil mexe no bolso do consumidor. Na última sexta-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter na conta de luz a bandeira amarela, implementada em janeiro – o cliente paga taxa adicional de R$ 1,343 a cada 100 quilowatts-hora consumidos (kWh).
Caso o país chegue sem chuvas expressivas a março, quando se encerra o período chuvoso, dificilmente voltaremos à bandeira verde, sem taxa adicional, segundo o engenheiro Diogo Carneiro, da Cemig. “Vai ser bem difícil a gente voltar a uma bandeira verde ou ter uma condição mais tranquila de operação”, pontua.
Sobre a bandeira a ser aplicada em março, a Aneel informou à reportagem, em nota, que vai ser definida no fim de fevereiro.
Entenda
A cobrança da taxa adicional se dá porque, ao ver a perspectiva de baixa nos reservatórios, o ONS sinaliza que o ideal é usar outras fontes de energia, como a de usinas termoelétricas, mais caras – então há cobranças adicionais.
Questionado por O TEMPO sobre o cenário hídrico do país, o Ministério das Minas e Energia informou, em nota, que “temos hoje uma situação de segurança no fornecimento de energia elétrica para 2021”.
A Copasa informou que, devido às chuvas de fevereiro e março, não há previsão de racionamento. e que os reservatórios da Grande BH estão com 80% da capacidade. Os dados do Estado não foram informados até o fechamento da matéria.