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Novo app de ônibus vai permitir recarga de passagem com cartão de crédito

Usuários também vão poder acompanhar tempo de espera nos terminais e avaliar a viagem; lançamento ocorre em meio a críticas por falta de cobrador

Por Letícia Fontes
Publicado em 23 de agosto de 2019 | 13:23
 
 
Aplicativo lançado por empresas de ônibus permite recarga com cartão de crédito, acompanhamento da viagem em tempo real e avaliação da viagem Foto: Alex de Jesus

As empresas de ônibus de Belo Horizonte lançaram, nesta sexta-feira (23), o aplicativo BHBUS+. Com a atualização da plataforma, os passageiros vão poder realizar as recargas de passagem utilizando o cartão de crédito.

A expectativa é que os usuários também possam acompanhar o tempo de espera nos terminais em tempo real. Outra novidade é que os passageiros poderão avaliar a viagem do motorista. 

Já está disponível nas plataformas IOS e Android, a principal novidade do aplicativo, segundo o Consórcio das Operadoras do Transporte Coletivo de Passageiros por Ônibus de Belo Horizonte (Transfácil), é a possibilidade de recarga pelo celular, com uso do cartão de crédito. A antiga plataforma permitia o pagamento somente com boleto bancário. Antes o prazo para a disponibilização dos créditos era de até 72 horas. Agora, com o pagamento online, os créditos caem em até duas horas. 

Apesar de sem solução para cobradores, de acordo com o Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), Joel Paschoalin, a criação da plataforma não tem relação com a retirada de trocadores. Mas ele disse que a tendência é que as empresas retirem os agentes de bordo dos coletivos. 

Em Belo Horizonte, o número de reclamações por falta de cobradores que chegou à BHTrans no primeiro semestre deste ano já supera o do ano passado inteiro. Enquanto em 2018 foram 900 registros, em 2019 foram 991. O descumprimento rendeu, no ano passado, aplicação de 3.473 multas às empresas no primeiro semestre. Neste ano, já foram 5.098 autuações. 

"Nós estamos aumentando a rede de compra e o objetivo é tirar o dinheiro de dentro do ônibus, como já acontece em varias cidades. Acreditamos que temos que tornar o sistema mais eficiente, baixando outros custos que estão ficando ultrapassamos para investir em tecnologias e mais qualidade do serviço”, pontuou. 

De acordo com a Lei 10.526, todos os ônibus convencionais devem circular com o motoristas e um agente de bordo, com exceção do horário noturno (das 20h30 às 5h59) e nos domingo e feriados. Veículos do BRT, ou de serviços especiais, como executivo, turístico ou micro-ônibus, estão livres dessa obrigatoriedade. 

Mas no entendimento do Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), Joel Paschoalin, a maioria das multas são ilegais. Segundo ele, há uma divergência no entendimento da lesgislação. Para ele, além das linhas troncais, que saem das estações de integração para destinos, as linhas alimentadoras, que levam a população às estações, também integram o Move e por isso poderiam circular sem os cobradores.

"Temos viagens e horários que precisam do contador, mas há uma confusão. Parte das multas consideramos ilegais, porque o regulamento não foi aceito pelas empresas e nem fez parte do contrato. No nosso entendimento jurídico o noturno é a partir de 18h, porque no próprio regulamento da BHTrans a partir de 18h temos outras atribuições como iluminar o salão. Nessas questões a gente orienta as empresas para que usem o cobrador, mas a gente não tem gestão sobre as empresas”, explicou. 

APP.

Segundo o presidente da Transfácil, Renaldo Moura, nos últimos seis meses, foram realizadas pesquisas com os passageiros do transporte coletivo por ônibus em BH para diagnosticar as principais queixas. As principais reclamações foram o tempo de duração das viagens e o tempo de espera dos coletivos. 

De acordo com Moura, com o aplicativo, o usuário poderá também  traçar rotas usando o transporte público, se assemlhando com funções que já existem na plataforma gerenciada pela BHTrans, o SIU Mobile. Foram investidos R$ 500 mil para a criação do aplicativo. 

“A primeira facilidade (do aplicativo) é o pagamento online, usando cartão de crédito, ou então o pagamento por boleto bancário. Até duas horas a gente se compromete a colocar os créditos no cartão. No futuro, nós pretendemos criar o Qr Code dentro do aplicativo”, afirmou.

Reajuste. 

No início do mês, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) garantiu que o valor da passagem dos ônibus que circulam pela capital não vai aumentar se as empresas continuarem circulando sem o cobrador. Apesar da declaração, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra/BH), vão solicitar um aumento na tarifa no final do ano.

“O nosso contrato fala da forma paramétrica, então vai depender da inflação. Acredito que a inflação este ano não vai dar um reajuste significativo. Nosso foco não é a tarifa, é a eficiência. Nós queremos mais passageiros. Belo Horizonte é uma das poucas capitais que não tem subsídio. Precisamos arrumar fontes de recursos financeiros, às vezes usar a criatividade para que subsidie e baixe a tarifa", afirmou Joel Paschoalin, presidente do Setra. 

"As empresas estão rodando em desiquilíbrio financeiro. o transporte público tem que ser tratado de forma que seja viável para se investir em melhorias".

Opinião. 

A vendedora Tainan Brandão, de 23 anos, já baixou o aplicativo, mas não conseguiu usar. "Achei muito complicado, não é fácil de usar. Não achei o número do ônibus. Tem outros melhores. Mas tem que melhorar também os ônibus de uma forma geral, porque andamos como se estivéssemos em uma lata de sardinha não importa a hora do dia, tudo lotado. A tarifa não vale o valor que tem, parece que estamos em um arrastão", reclama. 

A ambulante Lorraine Soares, de 19 anos, aprova a ideia. "Os aplicativos são bons, informa o horário, onde passa. Adianta muito. Só precisa de um pouco de atualização, mas funciona bem, é a única opção que temos para saber o trajeto do ônibus. A questão do cartão também facilita, ninguém está com tempo para nada, ninguém anda com dinheiro", afirma. 

Já André Costa, de 25 anos, quer de volta os cobradadores. "Os aplicativos ajudam sim, mas para melhorra mesmo é trazer de voltar os cobradores. Com o trocador a viagem fica mais rápida. O motorista faz tudo, perde a atenção no trânsito. É um risco para a gente, sem contar que é um acumulo de função, o motorista dirige e cobra. Atrasa tudo", avalia.