Capital

Número de ciclovias da cidade não atende adeptos da bike

Hoje é o Dia Nacional do Ciclista; data foi oficializada em agosto de 2017

Por Michelyne Kubitschek
Publicado em 19 de agosto de 2018 | 03:00
 
 
Usuário. Para o microempreendedor Wilian de Vila Nova, que usa bike para fazer entregas todo dia, número de ciclovias de BH é insuficiente Foto: fotos leo fontes

Pela primeira vez, o Dia Nacional do Ciclista pode ser comemorado oficialmente. A data, 19 de agosto, sancionada pelo governo federal no fim de 2017, foi criada para estimular o uso de bicicletas nas cidades e fomentar melhorias na mobilidade urbana. Mas, na capital mineira, ciclistas consideram que ainda é pequena a extensão de ciclovias na cidade.

De acordo com a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), dos 4.600 km de vias do município, 89,93 km são de ciclovias. O número corresponde a menos de 2% das ruas e avenidas.

A jornalista Maira Cabral, 31, utiliza a bicicleta como meio de transporte há mais de dez anos. “Andar de carro na cidade é complicado e caro. Uso a bike para trabalhar e também para encontrar os amigos. Sei que não é seguro andar de bicicleta em Belo Horizonte, mas, se ficarmos reféns do medo de sermos atropelados ou de sermos roubados, não conseguiremos fazer nada”, diz. 

O defensor Marcelo Ribeiro, 44, não abre mão de pedalar para se deslocar entre os bairros Buritis, na região Oeste, e Santo Agostinho, na Centro-Sul, no trajeto de casa para o trabalho. Há cinco anos, ele é adepto da bike diariamente, mesmo em dias de chuva. “Só uso bicicleta, mas acho que as ciclovias não atendem os ciclistas. São poucas as faixas. No meu percurso, por exemplo, não tem. Quando estou em uma subida, preciso utilizar a calçada”, reclama Ribeiro. O microempreendedor Wilian de Vila Nova, 48, usa a bicicleta para trabalhar, entregando saladas de fruta: “Pedalo uns 60 km por dia. As ciclovias são em pequeno número”.

A Prefeitura de BH informou que “há um financiamento aprovado para a revisão de cerca de 60 km de projetos cicloviários”. Além disso, o órgão está pleiteando recursos para a implantação de mais 25,6 km de ciclovias. 

Campanha visa aumentar usuários

Há dois anos, um dispositivo foi instalado no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Bernardo Monteiro, na região Centro-Sul de BH, para contabilizar a quantidade de ciclistas que passam pelo local. Na última sexta-feira, o equipamento mostrava mais de 62.883, e a meta é chegar a 100 mil até o fim do ano, conforme explica Cristiano Scarpelli, da Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte, a BH em Ciclo. Segundo ele, o número de ciclistas que passaram pelo local chegou a pouco mais de 87 mil no fim de 2017. O aparelho foi instalado em julho de 2016 pelo banco Itaú em parceria com a BHTrans.

A BH em Ciclo informou que está promovendo uma campanha para que a marca seja atingida em dezembro. A fim de incentivar a adesão dos cidadãos, um bolão vai premiar os palpites que acertarem a data e a hora em que essa marca vai ser alcançada e o número de ciclistas registrados pelo marcador. Para participar, basta acessar bhemciclo.org. 

Mais números

Capital. De acordo com a PBH, Belo Horizonte conta com 852 bicicletários e paraciclos. O número cresceu cerca de 1.000% nos últimos cinco anos, segundo a prefeitura.

Levantamento. Atualmente, 0,4% dos deslocamentos em Belo Horizonte é feito por bicicleta, segundo a pesquisa Origem Destino, realizada pelo governo do Estado.

Aumento. Segundo estudo realizado pela Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte, a BH em Ciclo, o número de pessoas que utilizam bicicletas na cidade aumentou entre 2010 e 2017, passando de 1.712 para 3.270 ciclistas.