O Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) 2021, divulgado nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), mostra os reflexos da pandemia da Covid-19 no Brasil e em Minas Gerais, segundo especialistas.
O Estado não bateu algumas das metas definidas para este ano, apesar de ter mantido o índice de 4,0 para o ensino médio (cuja meta é de 5,2), alcançado na edição anterior (de 2019) e de ter apresentado avanços nos anos finais do ensino fundamental. Já nos anos iniciais, houve estabilidade no rendimento e queda no desempenho.
Criado em 2007, o Ideb é um indicador que reúne os resultados de fluxo escolar (aprovação) e as médias de desempenho apresentadas nas avaliações de língua portuguesa e de matemática do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Os dados divulgados pelo órgão mostram que nos anos finais do ensino fundamental, houve melhora no rendimento dos alunos, sendo que o Ideb 2021 passou de 4,6 para 5,0. Esse foi, inclusive, o maior índice alcançado nesta etapa de ensino no Estado. Já a proficiência média dos alunos dessa etapa passou de 5,29 para 5,2. A meta do Ideb para os anos finais é de 5,5. Por fim, nos anos iniciais do ensino fundamental, Minas Gerais registrou estabilidade no rendimento e queda no desempenho, chegando a um total de 6,0 (dentro da meta nacional).
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em estatísticas educacionais, Francisco Soares destaca que, em uma época de pandemia, não faz sentido falar em metas. De acordo com ele, foram muitos os desafios enfrentados no ano passado, dentro das instituições de ensino.
“A pandemia tem um custo muito alto para as crianças. Muitas estavam fora das escolas e, portanto, não aprenderam tudo o que precisavam ser aprendido”, avalia. “Esses dados precisam ser observados com cuidado”, diz.
O mesmo pensamento é válido quando se analisa individualmente os números relacionados às avaliações de língua portuguesa e de matemática, conforme afirma Soares. Apesar de o Saeb evidenciar que Minas esteve acima da média brasileira em vários níveis escolares, isso não significa, necessariamente, avanços significativos, conforme o especialista.
“Não se trata de um concurso nacional, mas de um aprendizado para a vida. A gente precisa saber quanto os estudantes aprenderam, o que é importante que saibam. Estar acima da média não significa aprendizado em um nível suficiente”, avalia.
Futuro
Secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga também salienta os impactos da pandemia nas escolas. Ele destaca que as metas do Ideb foram traçadas em 2007, período anterior à crise sanitária, e por isso estão defasadas.
De acordo com Alvarenga, desafios como o fato de os professores não terem estado presentes fisicamente no cotidiano das instituições de ensino tiveram de ser enfrentados. No entanto, Alvarenga salienta que, mesmo diante dessas questões, o Estado conseguiu mitigar os efeitos nocivos e as perdas na aprendizagem. Além disso, há várias ações pensadas para o futuro.
“Minas continuará realizando o reforço escolar. Hoje nós já temos 90 mil estudantes matriculados. Continuaremos fazendo um trabalho de expansão do Ensino Médio em tempo integral, que hoje nós já temos 91 mil vagas disponibilizadas. Continuaremos ofertando para os nossos professores cursos de formação tanto em pós-graduação quanto em mestrado. Também já contratamos para a nossa rede 460 servidores, psicólogos e assistentes sociais, para atender os nossos estudantes”, diz ele.
Ainda segundo o Secretário de Estado de Educação, também continuará havendo investimentos em infraestrutura, melhoria da qualidade da merenda, entre outros.