Teófilo Otoni

Polícia indicia pai que jogou filha pela janela em MG e vê crime premeditado

Inicialmente, acreditava-se que a altura da queda era de 5 metros, mas investigação apontou quase 9 metros

Por Lucas Henrique Gomes
Publicado em 08 de junho de 2022 | 10:54
 
 
Pai jogou a filha de laje do imóvel em altura aproximada de 9 metros Foto: Reprodução/Google Street View

A Polícia Civil indiciou nesta semana um homem de 26 anos que no último dia 28 jogou a própria filha de menos de dois meses por uma janela em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. Inicialmente, acreditava-se que a altura da queda era de 5 metros, mas a investigação apontou que a altura era de aproximadamente 9 metros.

Em entrevista a O TEMPO, a delegada Hérika Ribeiro Sena, responsável pela Delegacia de Homicídio, afirmou que existem provas de que o crime pode ter sido planejado. "Existem informações, que não podem ser repassadas, que demonstram que ele já estaria premeditando alguma coisa contra aquela criança, não podemos mais detalhar pelo segredo de justiça", explicou.

À época do crime, a Polícia Militar informou que o crime teria sido cometido por vingança, já que o homem teria entrado na casa da mãe da sua filha, começado a discutir e enquanto a mulher foi até a cozinha olhar uma panela, ele jogou a criança na rua. A delegada disse à reportagem que não foi possível identificar o motivo da discussão, já que o homem ficou calado durante toda a investigação.

A Polícia Civil pediu o indiciamento do pai por homicídio duplamente qualificado - meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima - com o agravante do feminicídio, além de injúria e ameaça contra a mãe da recém-nascida. "O indiciamento foi encaminhado à Justiça e agora passará pelo crivo do Ministério Público. Depois, uma análise do Judiciário para saber qual o procedimento para iniciar a instrução", detalhou a delegada Hérika Sena.

"Ele é pai da criança e trata-se de vítima do sexo feminino. Engloba na qualificadora do feminicídio, bem como no meio cruel e no recurso que dificultou a defesa da vítima, até porque era criança de apenas dois meses. A Polícia Civil encerra a investigação e entrega para o MP analisar as provas. Se tiver alguma diligência, o MP pode retornar para gente, mas acreditamos que ficou bem completo, as provas foram suficientes para engajar a denúncia. A injúria e a ameaça podem ser julgadas pelo Tribunal do Júri também, até porque houve o concurso de crimes", afirmou a delegada.

Medida protetiva

Durante a investigação, no primeiro depoimento, a mãe da criança e ex-companheira do suspeito pediu uma medida protetiva contra o homem caso ele tenha a prisão revogada. Ela pediu que o acusado permaneça a uma distância mínima dela depois de ofensas, ameaças, injúrias e agressões. Esse pedido foi encaminhado à Justiça pela delegacia.

Comoção

Hérika Sena ressaltou ainda a dedicação da polícia para concluir um inquérito delicado em um prazo curto e considera que a prisão preventiva decretada pela Justiça ainda na audiência de custódia vão ao encontro do que o inquérito diz.

"É um crime de comoção local e até mesmo nacional e os requisitos da preventiva foram verificados na audiência de custódia, como a garantia da ordem pública, segurança das famílias e até mesmo segurança do autor, a preventiva é justificada e necessária. Em razão da gravidade do fato, a equipe se empenhou 24 horas para fazer levantamentos, localizar testemunhas e provas técnicas para juntar os autos, enriquecer os autos e entregar para o MP a melhor qualidade de provas possíveis para oferecer a denúncia", disse.