À beira do colapso

Profissionais de saúde são enviados ao Triângulo para reforçar linha de frente

Governo de Minas enviou força-tarefa com médicos e militares especializados em saúde para Uberlândia e Coromandel, que estão entre as mais impactadas pela alta de casos e mortes

Por Cinthya Oliveira
Publicado em 16 de fevereiro de 2021 | 17:14
 
 
Profissionais de saúde da Polícia Militar foram enviados a Coromandel para ajudar no atendimento a pacientes com Covid Foto: Secretaria de Estado de Saúde/ Divulgação

Para reforçar o atendimento a pacientes com Covid-19 na macrorregião de saúde Triângulo do Norte, o governo de Minas enviou, nesta terça-feira, uma força-tarefa com profissionais para as cidades de Uberlândia e Coromandel, que estão entre as mais impactadas pela alta de casos e mortes. Nessa macrorregião, 92% dos leitos de UTI estão ocupados.

Entre os profissionais enviados, estão integrantes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), médico infectologista e paliativista do Hospital Eduardo de Menezes, de Belo Horizonte, e equipe de saúde da Polícia Militar de Minas Gerais e do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais.

Em visita a Coromandel nesta terça-feira, o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, afirmou que os profissionais da Polícia Militar ficarão em Coromandel auxiliando na assistência aos pacientes até que haja a contratação de novos trabalhadores da área da saúde por parte da prefeitura local.

Ele afirmou que a secretaria está verificando a possibilidade de abertura de novos leitos nas principais cidades do Triângulo Mineiro, como Uberlândia e Uberaba, para que possam receber pacientes de outras cidades da região.

O problema é que, somente em Uberlândia, há mais de 200 pessoas internadas em UTI por causa de Covid e 98% de todos os leitos de terapia intensiva da rede pública estão ocupados. Já em Uberaba, que faz parte da macrorregião Triângulo do Sul, a situação é menos crítica e metade dos leitos de UTI Covid da rede pública estava disponível no último fim de semana (conforme gráfico divulgado pela prefeitura nas redes sociais).

Por enquanto, pacientes estão sendo transferidos para outras regiões de Minas. No domingo (14), cinco pacientes de Coromandel e quatro de Monte Carmelo foram transferidos com transporte aéreo para Divinópolis, no Oeste do estado.

“Trouxemos o apoio do Estado para a região para que consiga ter atendimento (aos pacientes). O primeiro caminho é da redução de casos, depois da assistência. Já fiz uma reunião ontem com os prefeitos do Triângulo do Norte e discutimos as medidas de distanciamento, que é a única forma de reduzir o número de caos”, afirmou Carlos Eduardo Amaral.

Coromandel seguiu a recomendação da secretaria e um decreto foi publicado nesta segunda-feira (15), determinando que apenas os serviços essenciais da cidade fiquem abertos até o dia 23 de fevereiro. Os estabelecimentos (como farmácias, padarias e supermercados) podem funcionar de portas abertas até as 18h, contando com 50% dos funcionários.

Com cerca de 28 mil habitantes, Coromandel viu um crescimento exponencial da Covid desde o início de fevereiro. A cidade tem, neste momento, 510 moradores diagnosticados com a doença que ainda não são considerados recuperados (a maioria em isolamento domiciliar). A cidade confirmou 24 mortes por Covid, sendo que 14 delas aconteceram após o dia 30 de janeiro.

A construção de um hospital de campanha na cidade chegou a ser cogitada pela prefeitura de Coromandel, mas Amaral desconsiderou a possibilidade. “Não se constrói um hospital de campanha em uma semana. Mas em uma semana, conseguimos transferir pacientes para outras cidades”, explicou.

Outra cidade que passa por uma situação crítica neste momento é Monte Carmelo. No fim de semana, o prefeito do município, Paulo Rocha, chegou a fazer um apelo para a população para que doasse cilindros de oxigênio e rapidamente conseguiu um retorno. Somente um grupo de empresários comprou 60 cilindros. Por lá, não há mais leitos de UTI e enfermaria para atender os pacientes com o novo coronavírus.