A decisão da Prefeitura de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, de voltar a obrigar o uso de máscaras em algumas situações e lugares é um lembrete da importância de se vacinar contra a Covid-19, avaliam especialistas. Os índices de imunização com a vacina bivalente, que oferece proteção contra as variantes da doença, preocupam. Idosos e imunossuprimidos também são pontos de alerta.

“No dia a dia dos hospitais, vemos que a Covid-19 vem acelerando há algumas semanas. A grande maioria dos casos é leve e restrita ao pronto atendimento”, explica o infectologista Estevão Urbano. Isso se deve ao alto poder de transmissão das variantes. A maioria dos casos será de pessoas com sintomas leves. Contudo, pessoas do grupo de risco, mesmo vacinadas, podem desenvolver condições graves.

“Quando você está na rua e contrai a Covid-19, provavelmente não terá um problema sério. Mas, no caso de um idoso, pode representar um risco”, explica o especialista, que vê como assertiva a decisão da prefeitura de Santa Luzia de voltar a obrigar o uso de máscaras para pessoas em unidades de saúde, para pessoas sintomáticas e imunossuprimidas.

O infectologista Leandro Curi também concorda com a decisão da Prefeitura de Santa Luzia sobre o uso de máscara. “Temos que lembrar que as vacinas protegem contra o agravamento da doença, hospitalização e piora clínica. Quem protege das infecções são as máscaras. Elas protegem até os profissionais da saúde”, analisa.

O especialista, contudo, reforça que a decisão sobre as máscaras deve estar acompanhada de campanhas que reforcem a importância da vacinação com o imunizante bivalente. O cenário de cobertura abaixo do ideal é visto em toda Minas Gerais. O percentual de pessoas vacinadas com a primeira dose da vacina contra a Covid-19 é de 86,60%, enquanto apenas 26,78% receberam a chamada quarta dose (ou segunda de reforço).

‘Etiqueta respiratória deveria ser bom senso’

As exigências de máscara na Prefeitura de Santa Luzia são válidas para pessoas sintomáticas ou que tiveram contato com pessoas com sintomas. O infectologista Leandro Curi acrescenta que a população não deveria depender de um posicionamento das autoridades para adotar etiquetas respiratórias.

“A etiqueta respiratória não deveria ser exigência, deveria ser bom senso da população, abraçando a proteção de vias aéreas ao ter um sintoma respiratório, seja Covid-19 ou resfriado. É o mínimo. São regras de convívio que a gente deveria ter aprendido com a influenza e com a Covid-19”, opinou.

Covid-19 longa preocupa 

Os sintomas persistentes, mesmo após casos leves da Covid-19, são outro ponto de atenção citado pelo infectologista Estevão Urbano. O especialista explica que basta uma infecção para a pessoa manifestar sintomas característicos da doença, como falta de ar, palpitação e perda de olfato e paladar, por período indeterminado.

“Pessoas com quadros leves podem desenvolver síndromes descritas na literatura, que são diversos sintomas que podem acompanhar os indivíduos por meses e anos. Isso tudo justifica em momentos de crise que em situações específicas voltem a usar máscaras por um período”, conclui o especialista.

Retorno da máscara em Santa Luzia 

O uso de máscaras voltou a ser obrigatório em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, após os casos de Covid-19 dispararem no município. Conforme a prefeitura, devem utilizar o equipamento de proteção funcionários e pacientes de unidades de saúde públicas e privadas, pessoas sintomáticas ou potencialmente em contato com transmissores, pessoas com resfriado e gripe, pessoas não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto e imunossuprimidos. Ainda é recomendado o uso para pessoas com comorbidades e residentes em instituições de longa permanência para idosos.