“O tempo todo eu lembro e sofro”. O relato é da médica Mayara Gomes Rocha que perdeu dois cães que supostamente foram intoxicados após comerem petiscos. A profissional de saúde teve mais três cães passando mal e contou como os pets reagiram após ingerirem o alimento.

Tudo começou após Mayara levar os cãezinhos para vacinar. “Aproveitamos e compramos um petisco que vinha com cinco unidades, pois ia dar para todos eles. Assim que chegamos, minha companheira percebeu exagerada sede neles e no decorrer de horas vomitaram e ficaram prostrados", disse.

Os sintomas foram evoluindo e os cães levados ao veterinário que, a princípio, cogitou se tratar de gastroenterite devido à diarreia. Um dos cães precisou ficar hospitalizado e os demais retornaram. “Quando entrei em casa, o veterinário me ligou dizendo que o exame do Wals havia apontado insuficiência renal aguda e pediu para eu voltar com todos, pois os cinco seriam internados”.

Durante a sequência do tratamento, os cães apresentaram piora e em 8 de agosto Wals morreu após sofrer parada cardíaca. “Ele estava muito mal. Teve também pancreatite, edema pulmonar, o rim todo lesionado”, relembra. Os cinco cães são considerados os filhos de Mayara e da companheira dela, por conta disso, elas fizeram de tudo para evitar o pior nos demais.

“Tentamos de tudo para salvá-los. O Bud precisou fazer hemodiálise, mas acabou não resistindo e também faleceu. Os outros três ficaram internados tomando soro, sendo que um deles necessitou de transfusão de sangue”. 

Saudade e tristeza

A morte de Bud e Wals não é esquecida em momento algum pela tutora. “Eles eram nossos filhos. Tem hora que vem saudade e tem hora que a revolta. Estou trabalhando pois preciso, mas é muito doloroso pensar o tanto que eles sofreram. Tiveram dificuldade para respirar e até mesmo crises convulsivas”, relembra.

Os cães sobreviventes já receberam alta e também sentem falta dos companheiros. “Não estamos bem. A rotina da nossa família mudou completamente. Os outros cachorros sentem saudade. Todos estão abalados”.

Exames preliminares da Polícia Civil apontaram a presença da substância monoetilenoglicol, que é imprópria para consumo humano ou animal, em uma das três marcas de petiscos suspeitos de matar intoxicados oito animais em Minas. Mayara não conteve a emoção diante da notícia.

“É revoltante. Fica um sentimento de culpa pois foi eu que comprei e dei para eles. Meus filhos eram saudáveis. É assustador. Nunca imaginávamos viver uma coisa dessa”, afirma emocionada. A tutora segue acompanhando os desdobramentos dos trabalhos investigativos.