Avanço da pandemia

Transmissão da Covid-19 em BH chega a nível amarelo e ameaça novas reaberturas

Índice se tornou, nesta terça, o segundo no nível de atenção intermediário e exige cuidado para próxima fase de flexibilização

Por Daniele Franco
Publicado em 18 de agosto de 2020 | 20:15
 
 
Número elevado de óbitos na capital deixou a equipe em alerta: foram registradas 17 mortes em 24 horas Foto: Uarlen Valério / O TEMPO

A taxa de transmissão (RT) da Covid-19 em Belo Horizonte chegou a 1,00 nesta terça-feira (18) e se tornou o segundo índice de monitoramento no nível amarelo de atenção. Além da taxa, que aponta a quantas pessoas cada infectado transmite a doença, a ocupação de UTIs na capital também está no nível amarelo, com 63% de vagas em utilização.

Até esta segunda-feira (17), apenas as UTIs apresentavam índices mais críticos no monitoramento do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da cidade. A taxa de transmissão era de 0,99 e a taxa de ocupação de leitos de enfermaria estava em 47,5%, índice que também subiu nesta terça e chegou a 48,6%. Em 50% o indicador também passa ao nível amarelo de atenção.

Com dois indicadores em nível amarelo, a nova onda de reaberturas esperada para a próxima semana pode ser ameaçada, já que o RT acima de 1 indica crescimento da pandemia. No dia 6 de agosto, primeiro da retomada de setores comerciais da cidade, o índice de transmissão era de 0,88. Apesar do índice de transmissão baixo, a ocupação de UTIs à época da reabertura era de 78%, nível mais alto de atenção, mas o indicativo de redução na demanda por esses leitos levou a PBH a permitir a retomada.

Para o infectologista Unaí Tupinambás, membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 na capital, o número mostra que ainda é preciso cautela para novas reaberturas na cidade, especialmente de locais como bares e restaurantes. "Temos visto no mundo todo que a transmissão aumentou nos lugares em que bares e restaurantes foram abertos. Temos que tomar muito cuidado porque a ainda tem muito vírus circulando, aparentemente já passamos pelo pico, mas ainda não podemos abaixar a guarda", alertou.

Segundo Tupinambás, BH tem, atualmente, 28 contaminados para cada 100 mil habitantes, sendo que o ideal é menos de 5 para cada 100 mil.

O índice de transmissão vem aumentando desde a última quarta-feira (12), quando, após chegar a 0,85, o boletim epidemiológico registriu 0,88. A partir de então, não houve nenhuma redução. O maior salto aconteceu entre os boletins de sexta-feira (14) e segunda-feira (17), quando o índice foi de 0,91 para 0,99.

O boletim epidemiológico desta terça-feira confirmou 624 novos casos em Belo Horizonte e levou a capital a chegar perto dos 30 mil infectados, com 29.273 casos positivos até o momento. Entre eles, 839 morreram em decorrência da doença, dos quais 26 foram confirmados entre segunda e terça-feira.