Trens turísticos esbarram na má conservação de linhas em MG

Três projetos que poderiam aumentar em 75% o número de trens turísticos em circulação no território mineiro esbarram há anos na dificuldade de dividir com as concessionárias trechos dominados pelo transporte de cargas ou na má conservação das linhas. Apenas uma das propostas – que liga Cataguases, na Zona da Mata mineira, a Três Rios, no Rio de Janeiro – pode se concretizar e ser colocada nos trilhos no primeiro semestre de 2019. A discussão chegou à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que debate, em comissão extraordinária, o uso da malha ferroviária existente para o transporte de passageiros.

Os mineiros têm à disposição atualmente quatro trens turísticos, que, juntos, usam 50 km de linhas ferroviárias no Estado, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Mas, de acordo com André Tenuta, membro da ONG Trem, “Minas tem cerca de 2.000 km de linhas subutilizadas, que poderiam ser empregadas no transporte misto de cargas e passageiros”.

Mais distante de se concretizar está a primeira viagem do Expresso Novo Vera Cruz. A iniciativa pretende conectar dois importantes pontos culturais do Estado: o Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, e o Instituto Inhotim, em Brumadinho, na região metropolitana da capital.

Com previsão de investimento de pouco mais de R$ 16 milhões, o projeto já tem vários materiais de divulgação, mas nem sequer consta no sistema da ANTT. Segundo o engenheiro ferroviário Sérgio Motta, presidente da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Apito e um dos responsáveis pelo projeto, a iniciativa não avança pela falta de consenso com a concessionária que cuida do trecho, a MRS Logística.

A empresa informou por meio de nota que o Expresso Novo Vera Cruz seria implantado na mesma linha de um trem de cargas de altíssima densidade, “o que não é solução trivial”.

Estrada de ferro passa por obras

A estrada de ferro por onde o trem turístico Rio-Minas vai trafegar, ao longo de 168 km entre Cataguases, na Zona da Mata, e Três Rios, no Rio de Janeiro, ainda no início de 2019, passa por obras. De acordo com a presidente da Oscip Amigos do Trem, que coordena o projeto, Cyntia Nascimento, cerca de 30 trabalhadores atuam na restauração do trecho: “As obras estão bem avançadas. Estamos trocando dormentes e revitalizando a via”.

Cyntia garante que o trem turístico vai começar a operar em breve, mas prefere não definir data.

Só no papel

Ligação. Uma das propostas, existente há mais de dez anos, prevê a circulação de um trem entre os municípios de Lavras, Carmo da Cachoeira, Três Corações e Varginha, no Sul de Minas.