Tufão, Dentão e Melequinha. Apelidos inusitados escondem a faceta perigosa de 21 dos criminosos mais procurados pelas forças de segurança do Estado de Minas Gerais. Foragidos por crimes como homicídio, sequestro e cárcere privado, extorsão mediante sequestro, latrocínio, roubo e tráfico de drogas, o grupo de suspeitos – nascidos em território mineiro, São Paulo e Maranhão – integra uma lista lançada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) à manhã de quinta-feira (22) na Cidade Administrativa, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte.

O mapeamento compõe a quarta edição do "Procura-se". O intuito do programa é garantir a circulação de fotografias e dados – como nomes, idades, apelidos e regiões de atuação – dos suspeitos para incentivar que a população faça denúncias contra eles por meio do 181. Informações são repassadas de forma anônima; portanto, não é necessário se identificar. Três edições da lista de mais procurados foram lançadas em datas passadas com um total de 41 foragidos da Justiça de Minas Gerais. Vinte e nove deles foram rastreados e detidos após a divulgação por meio do programa, segundo informações do Estado. Agora, meta é cumprir mandados de prisão abertos contra os 21 suspeitos listados na quarta edição do "Procura-se", de acordo com o secretário de Segurança, Rogério Greco.

"O objetivo é garantir a prisão dos 21 alvos citados na lista, que foi feita a partir da integração entre as forças de segurança. Contamos com a colaboração da população e o nosso desejo é que esses criminosos sejam presos imediatamente". Ele crê que a circulação das fotografias dos suspeitos, com seus nomes e outras informações de cunho pessoal, como apelidos por eles usados no universo da criminalidade, auxiliará o Estado na caça. "Uma vez que essas fotos são divulgadas, esses suspeitos não se sentirão mais seguros em Minas Gerais. Não há prazo para que essas prisões sejam efetuadas, mas queríamos que fossem presos o mais rápido possível", afirma.

A lista com os mais procurados de Minas Gerais permanecerá disponível em um portal on-line criado pela Secretaria de Segurança Pública. O lançamento da quarta edição do programa contou com a participação de representantes da Polícia Federal (PF), Polícia Militar (PM), Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Corpo de Bombeiros e Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A integração entre órgãos e corporações foi destacada nas falas de seus membros.

Segundo o Comandante-Geral da PM, coronel Rodrigo Sousa Rodrigues, é necessário que integrantes de quadrilhas e de outras organizações com atuação violenta sintam-se incomodados com a ação do poder público. "Com a circulação de edições anteriores do 'Procura-se', cerca de 70% dos criminosos mais perigosos de Minas Gerais jáforam detidos. É assim que colocamos a estrutura do Estado à disposição para efetuar as prisões desses agentes. Esses foragidos não podem permanecer impunes. Nós queremos incomodá-los, porque eles estão nos incomodando". Ele reforçou também que a participação da população por meio de denúncias anônimas é indispensável para o êxito do programa. "Os mineiros podem contribuir para que seja cada dia melhor o lugar onde vivemos. A denúncia pelo 181 é totalmente segura, e ninguém precisa se identificar. Contamos com o apoio da população", disse.

Quem são os mais procurados em Minas Gerais?

Nascidos em Belo Horizonte, no interior de Minas Gerais e em municípios de São Paulo e Maranhão, os criminosos listados sob a alcunha de "mais procurados" em território mineiro detêm condenações na Justiça do Estado por crimes violentos como homicídio, sequestro e cárcere privado, latrocínio e roubo. Eles foram escolhidos para integrar o mapeamento pela prática reiterada de delitos bárbaros.

Parte deles, aliás, está relacionada a ocorrências de uma ação específica de roubo que, em Minas Gerais, tornou-se conhecida pelo nome “Novo Cangaço”. Ou seja, esses suspeitos têm histórico de participação em explosões de caixas eletrônicos e assaltos armados a agências bancárias. Quatro entre os 21 contidos no relatório do "Procura-se" de abril de 2021 têm atuação comprovada ou suspeita de ligação com esse tipo de crime. Análise do documento revela que, entre todos os mapeados, oito criminosos nasceram em Belo Horizonte e três migraram de municípios de São Paulo para cometer crimes em Minas Gerais. Suspeitos têm idades entre 27 e 41 anos. 

Conheça alguns deles

Natural de Contagem, à região metropolitana de Belo Horizonte, Dalmo Gomes dos Santos – apelidado de "Rebelde", "Natureza", "Truta" e "Pantera" –  é citado na lista como um entre os mais perigosos criminosos com atuação em território mineiro. Com 39 anos de idade, ele lidera o tráfico de drogas nos arredores da capital mineira a partir de ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções do país. Suspeita-se que ele esteja foragido no exterior e para escapar à caça das polícias, pode ter se submetido a cirurgias plásticas que alteraram sua fisionomia, segundo informações repassadas pela Sejusp.

Também parte da região metropolitana de BH um segundo suspeito que representa alto risco à sociedade e está listado no documento. Emanuel Monteiro Caires, 35, conhecido pelo apelido "Nino" é natural de Almenara, à região dos vales do Jequitinhonha e Mucuri. Ele assassinou em Betim, na grande Belo Horizonte, uma professora de 39 anos com 35 facadas – a mulher era namorada dele. O homem também matou a filha da companheira, uma menina de apenas seis anos, cujo pescoço foi cortado. Nascidos em Mutum, no Rio Doce, Dionathan da Cruz Silva, 32, e Lucas Menezes da Cruz, 35, também aparecem no "Procura-se". Ambos são pistoleiros conhecidos no município natal e também têm atuação comprovada nas cidades de Conceição do Ipanema, Lajinha e Chalé, entre o Rio Doce e a Zona da Mata.  Dionathan, aliás, coleciona 14 mandados de prisão em seu desfavor.

De Ipatinga, no Vale do Aço, destaca-se Márcio Carmo Pimentel de 41 anos – cujas alcunhas no mundo do crime são "Ian", "Yan", "Branco" e "Gordo". Ele foi condenado por crimes de sequestro e cárcere privado, latrocínio, roubo e associação criminosa. Treze mandados de prisão estão abertos contra ele em Minas Gerais e nos estados da Bahia, Goiás e Mato Grosso. Ele é um dos assaltantes mais perigosos do Brasil, de acordo com a Sejusp, e, não à toa, é indicado como "Rei do Cangaço". 

Segundo a lista do Estado, "gordo" é, aliás, o apelido mais corriqueiro entre os suspeitos mapeados – além de Márcio, outros três também são reconhecidos pela denominação. Entre os quatro "gordos" citados na quarta edição do "Procura-se" está Fábio Antônio Gallego, 44. O paulistano responde ainda por "Paulista" e "Tufão". Há indícios, como revelou o órgão de segurança, de que ele teria pago para ser resgatado da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde cumpria pena de prisão em 2014.

Homicídio e tráfico de drogas são os crimes mais comuns cometidos pelos mineiros naturais de Belo Horizonte e que encontram-se mencionados entre os 21 suspeitos mais procurados de Minas Gerais. Eles ocupam cargos de liderança em facções responsáveis pelo narcotráfico em regiões periféricas da capital mineira, como o aglomerado Cabana do Pai Tomás – cujo domínio da quadrilha pertence Rafael Carlos da Silva Ferreira, o "Paraíba" de 30 anos – e aglomerado da Serra.

Neste segundo, os responsáveis pela administração da organização que distribui drogas são Roger da Silva Galdino, o "Dentão", de 34 anos, e Clébio Pereira Rosa, de 42. Também o aglomerado da Serra abriga Marcos Cardoso Santana, de 31 anos – ele é um dos quatro "gordos" na lista – que responde por homicídio e coleciona três mandados de prisão em aberto. Outros suspeitos com atuação em Belo Horizonte controlam ações delituosas na vila Itaipu e no aglomerado do Borel.

Denúncias

Informações sobre os 21 criminosos que constam na lista do "Procura-se" (acesse aqui fotos e detalhes sobre eles) devem ser repassadas às forças de segurança de Minas Gerais. Denúncias anônimas têm sigilo garantido. Basta ligar para o 181. “A partir do momento em que a campanha é lançada, todas as forças estão unidas para buscá-los. Por isso, a colaboração da sociedade é muito importante. Precisamos que todos se unam e denunciem o paradeiro desses alvos no 181”, pondera o secretário de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco.

A ligação para o 181, conhecido como “Disque Denúncia”, é gratuita e o cidadão poderá informar, sob sigilo, detalhes como regiões onde suspeitos cometem crimes, carros e ônibus por eles usados, quais seus horários e seus comparsas, onde foram vistos e quaisquer outros pormenores que possam contribuir para as investigações.