Em Minas

Viagens no Carnaval diminuem, mas temor de piora na pandemia após data permanece

Aeroporto de Confins e Rodoviária de BH esperam menos passageiros no período, e infectologistas pedem cuidado redobrado a quem viajar

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 11 de fevereiro de 2021 | 03:00
 
 
Prazo para buscar reparação judicial é de dois anos para voos internacionais e cinco para nacionais Foto: Pixabay

Durante o Carnaval, o movimento na rodoviária de Belo Horizonte e no Aeroporto Internacional de BH, em Confins, promete ser menor do que o registrado durante as festas de final de ano em 2020. Ainda assim, infectologistas e o poder público temem que as saídas durante esse período representem novo aumento dos números da pandemia, o que só ficará claro nas semanas posteriores à data. 

As consequências das comemorações de Natal e de Ano-Novo perduraram para além de dezembro em Minas Gerais e na capital mineira, que viveram um janeiro de altas de casos de Covid-19 e da ocupação dos leitos hospitalares. Para se prevenir desse cenário após o Carnaval deste ano, BH proibiu festas na rua e promete aumentar a fiscalização ao descumprimento das normas, enquanto o governo do Estado estimula que todos os municípios mineiros ignorem o feriado e mantenham medidas restritivas de funcionamento das atividades presenciais. 

Nesse cenário, o Aeroporto Internacional estima que cerca de 95 mil passageiros passem pelo local entre os dias 12 e 17 de fevereiro — cerca de 37% do que no Carnaval de 2020 e ainda menos do que o registrado nos períodos de Natal e de Ano-Novo do último ano, quando 145 mil e 160 mil passageiros estiveram no aeroporto, respectivamente. Na Rodoviária de BH, a expectativa da administração é de haver quase 60% menos embarques e desembarques neste Carnaval do que no anterior, e a quantidade de passageiros que trafegarão pelo espaço deve ser menos da metade dos 310 mil do final de 2020. 

Essa diminuição, porém, não afasta o temor de que reflexos das viagens elevem os números da pandemia. “É uma preocupação enorme, porque vimos uma explosão depois do final do ano. Este não é um ano para pensar em Carnaval ou em qualquer tipo de aglomeração, mesmo em caráter privado. Alertamos muito sobre isso no final do ano passado e mesmo assim as consequências foram graves, com famílias inteiras sendo infectadas”, diz o infectologista Carlos Starling, membro do comitê de enfrentamento à pandemia em Belo Horizonte.

Hotéis de lazer de Minas têm ocupação abaixo da expectativa no Carnaval 

O presidente da Associação Mineira de Hotéis de Lazer (AMIHLA), Rodrigo Baltazar, afirma que as reservas estão no mesmo patamar de finais de semana habituais, com menos de 30% da ocupação total dos maiores hotéis de Minas, muito aquém do rápido esgotamento de vagas a que ele assistia até 2020. “Os hotéis não estão se propondo a fazer festa. O propósito é de descanso e a procura tem sido apenas por sábado e domingo, já que não haverá ponto facultativo”, detalha.  

O braço mineiro da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav-MG) diz ainda não ter números precisos, mas que a quantidade de viagens fechadas para este Carnaval é menor do que em 2020 e nas festas de final do ano — contudo, elas não deixarão de ocorrer. “Houve grande procura por Porto Seguro e Ceará. Os voos foram vendidos e houve poucos cancelamentos, as pessoas devem sair para descansar”, diz o presidente da entidade, Alexandre Brandão. Ele aposta que pessoas que possuem casas no campo ao redor de BH receberão amigos e diz que destinos para cidades próximas a Belo Horizonte, polvilhadas com hotéis fazenda, também representam grande fatia da procura por viagens neste período.

A infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia Tânia Chaves, pontua que escolher um local aparentemente sossegado, em meio à natureza, não é o antídoto perfeito contra a contaminação. “Se pensarmos assim, temos que ter a percepção de que milhares pensarão igual. E não teremos como fugir das aglomerações, mesmo havendo rigor na adoção das medidas de protocolos nos destinos desejados. Para o Carnaval, a melhor dica é ficar em casa. O primeiro cuidado é não viajar”, reforça. 

Variantes novas do coronavírus exigem precaução extra

Ainda não existem provas de que variantes do coronavírus detectadas em Manaus e no Rio de Janeiro tenham chegado a Minas Gerais. Viagens para fora do Estado exigem ainda mais cuidado, nesse contexto, pontua o infectologista Carlos Starling. “Certamente a variante P1, do Amazonas, tem possibilidade de estar circulando muito mais do que temos registro”, completa o médico.

Para quem vai viajar, os cuidados são os mesmos repetidos durante toda a pandemia: evitar aglomerações, sempre utilizar máscara em locais públicos e, de preferência, realizar os passeios apenas com pessoas com quem já convive no dia a dia. 

“Evite restaurantes em locais fechados e as festas em condomínios e hotéis fazenda. Já recebemos em hospitais muitas pessoas que vieram de viagens em condomínios mais afastados, como no Sul de Minas”, conclui Starling.