Bombas e correria

Vídeos mostram correria e vandalismo após bloco no Gutierrez

Imagens que vem sendo compartilhadas nas redes sociais mostram uma multidão fugindo das bombas de gás lacrimogênio e alguns suspeitos atirando garrafas contra a polícia

Por José Vítor Camilo
Publicado em 20 de fevereiro de 2017 | 12:15
 
 
Nas imagens é possível ver um suspeito mascarado atirando garrafas contra a polícia REPRODUÇÃO / YOUTUBE

Imagens que circulam nas redes sociais mostram a confusão que tomou conta do bairro Gutierrez, na região Oeste de Belo Horizonte, na noite deste domingo (19). Após a passagem do bloco Me Beija que Eu Sou Pagodeiro, que terminou ainda às 16h, uma grande aglomeração de pessoas se formou na praça Leonardo Gutierrez, que acabou dispersada pela polícia por volta das 19h30 com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. 

Nos vídeos, é possível ver a princípio uma multidão correndo em uma rua enquanto as bombas explodem na praça. "Nossa, aquela menina está passando mal. É gás lacrimogênio", diz uma moradora ao fundo, enquanto uma criança fala impressionada sobre as bombas que explodem. Ainda no mesmo vídeo é possível ver pelo menos duas pessoas, uma delas mascarada, atirando objetos contra os policiais, que continuam avançando e efetuando disparos de balas de borracha em direção aos suspeitos. Veja: 

Em outra imagem, de uma câmera de segurança da região, é possível ver a aproximação da polícia e os suspeitos atirando os objetos de um outro ângulo. Assista: 

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Militar (PM), foram atendidas diversas ocorrência no local, desde reclamações sobre o som alto até rixas e denúncias contra usuários de drogas. Como as pessoas não obedeciam as ordens para abaixar o volume, ainda de acordo com a corporação, para dispersar a multidão, foi necessário utilizar munição química e balas de borracha. Seis pessoas acabaram detidas após a confusão, porém, a PM não soube dizer quais seriam os motivos das conduções. Na ocorrência policial também não cita se alguém ficou ferido. 

Ainda na noite de domingo, o bloco Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro publicou uma nota sobre a confusão envolvendo a polícia em sua página no Facebook. Veja o texto na íntegra: 

Relatos de truculência

Apesar da Polícia Militar (PM) afirmar que ninguém ficou ferido durante a ação, tachada como truculenta pelos presentes, a reportagem de O TEMPO que estava no local flagrou pelo menos duas foliãs e um vendedor ambulante feridos por balas de borracha e estilhaços de bombas de gás. "A polícia não deveria ter agido assim, precisaria de no mínimo diálogo", afirmou o ambulante Paulo Ferreira, que perdeu a credencial da Prefeitura no meio do tumulto. 

A publicitária Paula Renata Alves, 42, que estava no local, afirmou que tudo ocorreu repentinamente. "De repente, vi policiais e viaturas vindo em direção às pessoas que estavam no local", contou. De acordo com Rodrigo Cataldi, 33, proprietário do bar e restaurante Boi Ibirra, próximo do local, a PM ameaçou jogar bomba dentro do estabelecimento dele. "O policial chegou ainda a me ameaçar, dizendo que me atropelaria com a moto", afirma.

FOTO: Moisés Silva
Ambulante levou tiro de borracha no pescoço durante a confusão

Na noite de domingo, o tenente Márcio da PM, que não quis se identificar para a reportagem com o segundo nome, afirmou que a ação ocorreu por causa de ocorrência de brigas no local. "O pessoal do bairro solicitou apoio da polícia. O evento passou do limite, e as pessoas não foram embora, e, por isso, houve dispersão", afirmou.

De acordo com os moradores, porém, o evento estava muito tranquilo e não havia brigas nem confusões até a PM chegar. O organizador do bloco, Matheus Brant, afirmou que a dispersão do bloco ocorreu às 16h, e que ele e restante do bloco deixaram o local logo em seguida.