Belo Horizonte já cumpre requisitos para decretar lockdown. A ocupação dos leitos de enfermaria para Covid-19 atingiu 71% neste domingo (28) e se tornou o segundo indicador com nível vermelho de atenção para a doença na cidade. O primeiro alerta para as autoridades foi a ocupação dos leitos de UTI, com índice em 87% também no domingo, o maior registrado até o momento.
O secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, já afirmou que dois dos três critérios em nível de alerta vermelho são suficientes para que a capital determine a forma mais severa de isolamento. O terceiro índice considerado na avaliação da pandemia na cidade é a velocidade de transmissão da doença - número de pessoas a quem cada infectado transmite o vírus -, cujo último registro, de quarta-feira (24) aponta 1,09.
Embora os critérios apontados como necessários para o decreto de lockdown já sejam cumpridos, ainda não há previsão do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em BH para que a determinação seja imposta. Segundo o infectologista Estêvão Urbano, membro do grupo, os especialistas estão analisando dia a dia os dados que retornam do sistema de saúde. "As deliberações podem ser tomadas a qualquer dia, qualquer hora, estamos acompanhando essa evolução. Para hoje não tem nenhuma deliberação, mas para amanhã pode ter", afirma.
Esta segunda-feira (29) foi o primeiro dia de comércios novamente fechados desde o início do processo de flexibilização na capital, no dia 25 de maio. O retrocesso foi anunciado na última sexta-feira (26) pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), que justificou a decisão com base nos indicadores, que pioraram no último mês.
Duas fases de flexibilização já estavam em execução, com cerca de 92% da cidade aberta, segundo o prefeito. A decisão pelo recuo veio após duas semanas consecutivas de estagnação no processo. A taxa de ocupação de UTIs já vem há quase um mês apresentando índices de alerta às autoridades, o que levou a PBH a abrir leitos para desafogar o sistema. Desde a última quarta-feira, foram inaugurados 19 leitos de terapia intensiva e 55 de enfermaria.
A previsão da Secretaria Municipal de Saúde é que até o fim de julho, 341 novos leitos sejam abertos na cidade. "O aumento da oferta de unidades para o atendimento de pacientes acompanha o planejamento feito pela Secretaria Municipal de Saúde junto aos hospitais e a evolução dos indicadores epidemiológicos e assistenciais em relação à pandemia", diz a pasta em nota.
Sindicato denuncia esgotamento
Em uma nota publicada nesta segunda-feira (24), o Sindicato dos Servidores Públicos de Belo Horizonte (Sindibel), alerta para a gravidade da falta de leitos em BH. Segundo a publicação, profissionais de saúde lotados na UPA Barreiro relataram que seis pacientes em estado de saúde gravíssimo no centro de saúde não tinham para onde serem transferidos neste domingo.
A organização reivindica o incremento no número de profissionais atuando no sistema de saúde, visto que o número de atendimentos aumentou muito e os trabalhadores já inseridos estão sobrecarregados. Além disso, o sindicato pede o fortalecimento das medidas de isolamento, o aumento no número de leitos e a requisição de recursos assistenciais particulares sempre que necessário, como leitos de terapia intensiva.
Em nota, a PBH afirmou que está em constante diálogo com o Sindibel.