O surto do coronavírus afetou diretamente diversos setores da economia. Em Belo Horizonte, o setor hoteleiro enfrenta grande dificuldade, apresentando números alarmantes, que já fizeram alguns empreendimentos encerrarem suas atividades. Outros paralisaram os serviços em virtude do prejuízo que acontece com a baixa ocupação. Entre os que precisaram interromper os trabalhos, já são 11 em Belo Horizonte, com previsão de outros 20 até abril.

Cerca de 30% dos funcionários do setor já foram desligados, e a estimativa é de 3.000 empregos comprometidos até então. Após 20 de abril, mais 5.000 trabalhadores devem ser afetados. Só em Belo Horizonte, aproximadamente 60% dos serviços estão suspendendo as atividades, com chance de, nos próximos meses, esse número chegar a 85%.

Mais de 70% das reservas de hotéis em Belo Horizonte foram canceladas. Na cidade e região metropolitana, já anunciaram o fechamento das atividades os hotéis Fasano, BHB, Quality Pampulha, Classic, BH Plaza, Bristol Merit, ESuites Lagoa dos Ingleses, San Diego Barro Preto, Intercity BH Expo, Boulevard Express e Boulevard Park. 

"Acredito que muitos trabalhadores perderão seus empregos, muitos hotéis estão fechando ou irão fechar com a demora nas definições do governo, ainda que elas sejam difíceis, pois envolvem a parte econômica e financeira. O governo está contando com uma receita que não vai existir, e as consequências serão mais trabalhadores afetados, assim como toda a cadeia do turismo, e isso tende a se avolumar cada vez mais”, indica o presidente da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-MG), Guilherme Sanson.

Preocupação com quedas e sem luz no fim do túnel

Os empresários do setor, dentro e fora de BH, sentem os impactos e sabem que um grande prejuízo será inevitável. Maria do Carmo Janot Vilhena, proprietária da Pousada Villa Allegra, em Tiradentes, disse que, diante do cenário de pandemia, a Associação Empresarial em Tiradentes apoiou a decisão da maioria das entidades, que pediram ao prefeito o "fechamento" da cidade. “O prazo, por enquanto, é de 15 dias, mas pode se estender. Estamos, todos, frente a ‘uma escolha de Sofia’. De qualquer lado em que nos posicionarmos, o sofrimento virá. De toda forma, estamos sujeitos à liberação da prefeitura”, lamenta.

Outro que cumpre determinação da prefeitura é Farley Aquino Rodrigues Alves, diretor do Dubai Suítes, em Montes Claros. Desde o dia 23 de março, todos os hotéis da cidade estão proibidos de fazer novos check-in até a data de 14 de abril. Todos os empreendimentos estão com as atividades suspensas, e o descumprimento pode levar a multa e cassação do alvará de funcionamento. “Acredito que, assim como nós, ninguém sabe qual caminho seguir devido às várias especulações e, nesse caso, estamos seguindo as orientações do município. A partir de abril, vamos manter uma equipe mínima para fazer a manutenção do hotel e, diariamente, buscar entender como as coisas vão se acomodando para novas decisões”, declara. 

A solução encontrada por muitos foi dar férias coletivas aos funcionários, esperando que o período de crise passe o quanto antes. Joice Furtado, sócia e proprietária da Pousada Sossego da Pampulha, em Belo Horizonte, disse que os funcionários vão entrar em férias coletivas em 27 de março, com o planejamento de reabrir em 26 de abril “Estes quatro primeiros dias estão sendo considerados como afastamento remunerado, para serem compensados. O impacto será imenso sobre as empresas como a nossa. O hotel está fechado e sem receitas, e há uma grande preocupação para quitar todas as despesas, sem falar dos salários dos funcionários. Após o lockdown, a economia demorará a reagir, considerando que já estava bem fragilizada antes da pandemia", indica. 

Em situação um pouco menos complicada, mas ainda desfavorável, está o Hotel Ferraz, em Pouso Alegre. A cidade segue com os hotéis abertos, porque não foi colocado nenhum decreto pela prefeitura. "Alguns hotéis fecharam por conta própria, e o Ferraz ainda está aberto porque possui 30% de ocupação com mensalistas e demanda alta de reservas por profissionais da saúde e pessoas que estão em quarentena distantes do ambiente familiar. A equipe foi reduzida, sendo que 20% dos funcionários estão em casa em férias ou banco de horas”, conta a proprietária Rosana de Jesus Ferraz.