Desde 18 de março, todos os estudantes de Minas estão longe das salas de aula. Hoje, enquanto 1,7 milhão de alunos da rede pública do Estado retomam os estudos por regime remoto, a maior parte dos cerca de 655 mil estudantes da rede privada entra de férias. Se o recesso de 18 de maio a 1° de junho será um tempo de descanso para alunos e pais, que têm ajudado os filhos com as tarefas online, as escolas vão aproveitar esse período para desenhar soluções que viabilizem o retorno presencial, quando este for, de fato, autorizado.

Mesmo sem previsão de data para voltar, as unidades têm buscado inspiração em medidas já adotadas em outros países, como uso de EPIs e intensificação da higienização. Até modelos de rodízio estão sendo avaliados, mas, por enquanto, são apenas estudos, pois ainda não há protocolos para as escolas seguirem.

Em meio a tantas dúvidas, a diretora do Colégio Arnaldo da unidade Anchieta, Cléa Prado, tem uma certeza: o retorno será mais difícil do que as aulas remotas. “Já estamos pensando em medidas que poderemos adotar. Não temos nada definido, mas uma das alternativas para os primeiros 15 dias pode ser o rodízio, com metade da turma das 13h às 15h30, e a outra metade das 16h às 18h30, por exemplo”, explica Cléa.

“Entre as medidas que estamos desenhando estão a compra de termômetros, instalação de pias para os alunos lavarem as mãos na entrada e o uso de protetor de calçados. São recomendações já feitas pelos órgãos de saúde pública para vários locais, e a escola deve seguir”, adianta a diretora.

O Colégio Santo Agostinho criou um grupo de trabalho multidisciplinar para traçar o plano de retomada. “Ninguém sabe quando será o retorno, mas uma certeza nós temos: um dia vai voltar. Então, já estamos desenhando cenários com estratégias e protocolos. Contratamos uma consultoria internacional, que já orientou outros países na retomada, para avaliarmos práticas que possam ser adaptadas para a nossa realidade”, explica Fernanda Fernandes, gestora de relações humanas da Sociedade Inteligência e Coração (SIC), mantenedora do colégio.

O Santo Agostinho está preparando um guia para os pais, com estratégias de proteção. A expectativa é entregá-lo às famílias logo após o recesso. 

O Coleguium também está preparando uma cartilha. Diante das possibilidades, o uso de máscaras deve ser obrigatório, assim como a intensificação dos cuidados com higiene. “Estamos repensando o fluxo dos alunos e vendo como podemos adequar a entrada e a saída e os intervalos para garantir a segurança”, destaca a diretora pedagógica da rede de ensino, Alessandra Dias.

Suporte individual

Ainda que não exista regulamentação que proíba a reprovação, é frequente nos grupos de pais no WhatsApp a ideia de que as escolas terão que aprovar os alunos. O próprio Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) está ciente de que cada estudante vai estar em um nível de aprendizagem diferente, pois as aulas remotas não têm a mesma interação das presenciais, e as escolas têm assumido o compromisso de dar suporte individualizado aos alunos. 

“Nossa orientação é que as escolas avaliem o nível em que cada estudante está e ofereçam suporte aos que tenham tido mais dificuldade para que vençam o ano sem defasagem”, afirma a presidente da entidade, Zuleica Reis Ávila. 

No Coleguium, as avaliações para dimensionar a aprendizagem já começaram, segundo Alessandra Dias, diretora pedagógica. “Reorganizamos o sistema avaliativo e ajustamos a quantidade de etapas”, acrescenta a diretora. 

Gestora de relações humanas da Sociedade Inteligência e Coração, mantenedora do Colégio Santo Agostinho, Fernanda Fernandes garante que nenhum aluno será prejudicado. “A escola vai entender o momento de cada um. Vamos oferecer atenção especial a quem teve dificuldade”, destacou.

Enem

Até segunda ordem, o Enem está mantido. Na semana passada, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reafirmou que as provas serão em novembro, mas deputados já afirmaram que, ainda nesta semana, podem votar pelo adiamento. Enquanto o desfecho não vem, as escolas se reinventam, levando os tradicionais aulões para plataformas digitais.

 Além do ensino, as unidades lutam para manter a tranquilidade dos alunos. “Essa incerteza deixa os estudantes mais apreensivos”, diz a diretora pedagógica do Coleguium, Alessandra Dias.

Para ajudar não só os alunos da rede, o Coleguium está abrindo os aulões para qualquer estudante. “É o projeto Rota do Enem, com aulas abertas. Estamos incentivando nossos alunos a convidarem quem é de fora, que também vai fazer a prova”, conta Alessandra.