A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) aliada a era da disseminação de notícias por meio das redes sociais fez com que muitas notícias falsas sobre o vírus fossem disseminadas. Com isso, muita gente ficou sem saber o que é fake news - ou seja notícia falsa - e o que é notícia verdadeira.

Para ajudar o leitor, aproveitamos o 1º de abril, conhecido como dia da mentira, para contar algumas fake news que já surgiram e dizer o que é verdade. Além de explicar como você pode evitar a disseminação de notícias mentirosas. 

Confira as fake news:

1. Chá de abacate com hortelã previne coronavírus?
Mensagens que citam remédios caseiros contra o vírus - chás, óleos, comidas - são das fake news mais disseminadas. Até o momento, não há nenhum medicamento específico, infusão, óleo essencial ou vacina que possa prevenir a infecção pelo coronavírus. 

2- Inseticidas podem transmitir coronavírus?
Circulam pela internet imagens de embalagens de inseticida com o ingrediente "Human Coronavirus" no rótulo. As fotos são falsas. O Ministério da Saúde diz que "as investigações sobre as formas de transmissão do vírus ainda estão em andamento" e ressalta que a contaminação se dá "pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas".

3- Autodiagnóstico pela respiração pode detectar a doença?
Outra mentira que circula on-line diz que o coronavírus deixa o pulmão "com pelo menos 50% de fibrose" e que, por isso, seria possível fazer um autodiagnóstico prendendo a respiração por dez segundos - quem o fizesse sem tossir ou sentir desconforto não estaria contaminado. É falso. O diagnóstico de coronavírus depende de exames hospitalares.

4- Na Tailândia, médicos conseguem curar a doença em um dia?
No início de fevereiro, meios de comunicação divulgaram que uma chinesa de 71 anos teria sido curada após receber um coquetel de antivirais. Não é verdade. Por enquanto, médicos não conhecem medicamentos, substâncias ou vitaminas que possam prevenir a infecção. 

5- Produtos importados da China trazem o vírus?
Segundo o Ministério da Saúde, não há evidências de que os produtos enviados do país asiático tragam o patógeno. O vírus, segundo a pasta, não sobrevive mais de 24 horas fora do organismo humano ou de algum animal, e o trânsito dos produtos costuma levar muitos dias. 

6- A estrutura do coronavírus é semelhante à do HIV?
Não há nenhum registro científico indicando inserções semelhantes ao vírus HIV no novo coronavírus e muito menos que o vírus foi criado em laboratório. O vírus da Covid-19, na verdade, parece com outros patógenos de sua família, como o Sars (síndrome respiratória aguda grave), que provocou cerca de 770 mortes entre 2002 e 2003. Seu epicentro também foi a China.

7- Áudio dos bombeiros
É mentiroso um áudio que circula no WhatsApp supostamente gravado por um militar do Corpo de Bombeiros com informações a respeito da disseminação do novo coronavírus em Minas Gerais. A Secretaria de Governo de Minas Gerais e o Corpo de Bombeiros desmentiram, na tarde desta sexta-feira (28), todos os detalhes contidos na gravação.

8- Loló não cura o vírus 
Uma das mais perigosas, que começou a circular nos aplicativos de mensagem durante o Carnaval e segue em alta nos últimos dias, diz que o loló, droga utilizada por inalação, seria a cura da doença. O loló é produzido com éter, clorofórmio e solventes como a gasolina e, além de não curar o a doença, pode causar problemas para a saúde. A droga aumenta a frequência cardíaca e pode aumentar o risco de parada cardíaca e não tem nenhuma ação em relação ao vírus.

9- Golpe vigilância sanitária 
Um áudio falso alertando para um suposto novo golpe cometido por criminosos identificados como agentes da vigilância sanitária contra moradores de prédios residenciais tem levado condomínios de Belo Horizonte a adotarem medidas extras de segurança. A Polícia Militar (PM) garantiu que o áudio sobre o golpe é falso, mas orienta alguns cuidados antes de receber qualquer pessoa em casa. 

10- Gargarejo com água morna
Circula no WhatsApp uma mensagem que afirma que gargarejar com água morna ajudaria a reduzir o impacto do coronavírus no organismo. O Ministério da Saúde alerta que a informação não corresponde à verdade. De acordo com a pasta, o vírus é capaz de resistir a temperaturas de até 36ºC no corpo humano, contrariando a fake news, que alega que líquidos a 27ºC seriam capazes de neutralizar a infecção.

11. Áudio do ministro 

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, desmentiu um áudio atribuído a ele que vem sendo difundido por aplicativos instantâneos de mensagem e reclamou da disseminação de fake news."Eu não gravo absolutamente nada de áudio, eu nem sei como funciona", afirmou o ministro, visivelmente irritado. Ele afirmou que suas falas para a população são feitas por meios oficiais. "Tudo que eu falar vai ser feito claramente, aqui na frente, é uma maneira de a gente se posicionar."

12- Moradores de rua não são contaminados 

Neste áudio um homem com sotaque carioca afirma que nenhuma pessoa em situação de rua foi internada em hospitais do Rio de Janeiro por causa do Coronavírus. Ele afirma ter questionado isso em um “site do governo do Rio”. Diz que dependentes químicos não são afetados pela doença e questiona porque “não tem um ‘cracudo’ ali da Avenida Brasil internado? (...) Alguém pode me responder porque nenhum bandido pega essa doença?”. O áudio é mentiroso. 

13- Suposto médico do hospital de Presidente Prudente (SP) diz que leitos estão vazios

Neste áudio uma pessoa que se identifica como um médico de Presidente Prudente (SP) afirma que não havia nenhum caso de pessoas internadas em estado grave (“entubados”) por causa do coronavírus na cidade. O narrador diz que “se a doença tivesse começado na classe baixa, a TV não teria dado a mínima, qual foi (sic) no caso da H1N1 na época do Lula que morreu muita gente”. No fim do áudio, o suposto médico argumenta que “agora o funcionário dá um espirro e quer atestado que está com coronavírus. (...) Virou um absurdo isso”. Conclui dizendo que é uma “epidemia psíquica”. O áudio também não condiz com a verdade.

14- Funerária em Lindoeste (PR) está com caixões sobrando

Um áudio afirma que um dono de casa funerária em Lindoeste (PR) está falido porque teria comprado caixões em excesso prevendo demanda por causa do coronavírus, mas está “desesperado porque não está morrendo gente” e ele agora não teria como pagar as contas. O narrador se diz amigo do dono da funerária e relata o seu drama: “Esse meu amigo comprou até fiado. Meteu os boletão (sic) pra frente porque vai ser um sucesso só, né?”. “Tá morrendo menos gente do que antes. Antes, o cara ia no bar e tomava uma facada, um tiro. Os bandidos iam pra rua fazer confusão. Mas agora tá uma paradeira”.

15- Suposto chefe do hospital Ronaldo Gazolla de Acari (RJ) diz que sobram leitos e que cidadãos deveriam voltar ao trabalho

O narrador se apresenta como “chefe da rotina do (Hospital) Ronaldo Gazolla” que, segundo ele, “é referência no Estado do Rio de Janeiro para tratamento de Coronavírus”. “Estou dando notícias baseado na minha experiência, não é no que eu li ou vi no Facebook”. O narrador afirma que existem apenas 8 pacientes internados com o diagnóstico de coronavírus e todos estão estáveis. “E só quatro pacientes na CTI". “No quinto andar, onde temos 160 leitos (...) só temos 08 pacientes internados estáveis, e todos com comorbidades”. Em seguida, o narrador passa a defender que todos devem voltar a trabalhar, e diz que “Bolsonaro está coberto de razão (quando pede isso)”. “O povo tá começando a entrar em desespero”. Também não é verdade. 

O que se deve fazer de verdade para evitar o coronavírus: 

-Lave as mãos com frequência, com água e sabão. Ou então higienize com álcool em gel 70%.
- Cubra seu nariz e boca com lenço ou com braço (e não com as mãos!) quando tossir ou espirrar.
- Evite contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
- Quando estiver doente, fique em casa.
- Evite tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
Não compartilhe objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
- Evite aglomerações e mantenha os ambientes ventilados.

Como não propagar fake news:

- Busque a fonte original
- Faça uma busca na internet: muitos casos já foram desmentidos
- Cheque a data: a "novidade" pode ser antiga
- Leia a notícia inteira
- Cheque o histórico de quem publicou
- Se a notícia não tem fonte, não repasse

Fontes: Pesquisa direta em reportagens do jornal O TEMPO e Ministério da Saúde.