Para aliviar os reflexos da pandemia do coronavírus, um projeto em Belo Horizonte tem recolhido dinheiro e revertido na compra de cestas básicas. É o Espalhe Cestas, que em pouco mais de duas semanas já beneficiou mais de 2.500 famílias na capital e na região metropolitana de BH, com cerca de 10 mil pessoas atingidas. A meta do grupo já foi quase quadruplicada desde que começou a ser divulgada.

O Espalhe Cestas foi idealizado pela empresária Rachel Horta, que decidiu, junto de amigos, tocar o projeto diante das consequências da pandemia. Com isso, o movimento acontece por meio do trabalho de 20 pessoas e foi lançado em 22 de março, através do Evoé, uma plataforma mineira de financiamento coletivo, por onde são feitas as doações. A meta inicial era de R$ 100 mil reais em 15 dias, mas, até esta terça (7), passados 16 dias, foram arrecadados quase R$ 380 mil reais. Doações podem ser feitas por meio deste link.

"A gente deve atingir a marca dos 400 mil, mas não paramos por aqui. Vamos dar continuidade na campanha enquanto houver pessoas engajadas e dispostas a fazer doações para que a gente trabalhe essa ponte entre quem quer ajudar e quem precisa ser ajudado neste momento", conta Rachel.

O Espalhe Cestas fez um mapeamento de lugares e movimentos que demandavam um olhar especial, e mais de 30 já foram beneficiados, como aglomerado da Serra, Morro do Papagaio, Ocupação Izidora, Cabana do Pai Tomás, Alto Vera Cruz e Dom Bosco, além de entregas na Casa Bem-me-Quer, Creche Recanto do Menor, Comitê Mineiro das Causas Indígenas, Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis, Cio da Terra - Coletivo de Mulheres Migrantes, Projeto ComPaixão e Coletivo Clã das Lobas. 

 "A distribuição parte de um primeiro trabalho extremamente cuidadoso e detalhado de identificação das comunidades mais necessitadas neste momento. Em parceria com as lideranças comunitárias e com as organizações já credenciadas dentro dessas comunidades, nós nos organizamos para montar uma estrutura de recepção dessas cestas e a partir do conhecimento dessas lideranças a respeito das famílias, eles fazem toda a logística de distribuição, sempre tomando cuidado com as questões sanitárias, de proteção de quem faz a entrega e de como elá está sendo organizada", aponta Rachel.

De acordo com o projeto, as doações vieram de mais de 30 cidades pelo país afora, com contribuições também do exterior. Um outro dado curioso é que 70% dos doadores até então foram mulheres, também mais engajadas no compartilhamento de mensagens. Mais de 60 toneladas de alimentos já foram distribuídas. Cada cesta tem 15 itens, dentre alimentos e produtos de higiene e limpeza.

"Ações de mobilização e iniciativas em prol da sociedade são necessárias há bastante tempo, mas agora, naturalmente, em função da pandemia, isso se tornou ainda mais urgente. A gente entende que as grandes organizações e os governos não serão capazes de enfrentar sozinhos toda a complexidade e desafios que já estão aí e estão por vir. É esperado e necessário que a sociedade civil arregace as mangas, que a gente seja capaz de desenvolver soluções e trabalhar em prol do próximo", completa Rachel.