Depois de pegar leitores e cinéfilos de surpresa no fim de agosto ao anunciar o fim de suas atividades, o site Cinema em Cena usou o manual dos vilões de filmes de terror na tarde de ontem e mostrou que não vai morrer assim tão facilmente. Após uma enxurrada de e-mails, tuítes e mensagens no Facebook, não só de apoio, mas sugerindo soluções de salvamento, o portal divulgou um novo plano de assinantes que pode permitir que um dos maiores sites de cinema do Brasil permaneça no ar.
“A crise por que o Cinema em Cena passou acabou sendo uma bênção disfarçada”, afirma o crítico e criador Pablo Villaça. Segundo ele, o processo lhe ajudou a refocar o negócio e concentrar no que a página oferece de melhor. “Ou seja, as críticas, colunas, o podcast. E me deu energia nova pelo carinho dos leitores, que me comoveu profundamente”, revela.
Desde ontem, o portal oferece três planos de assinatura: mensal (R$ 8,90), semestral (R$ 53) e anual (R$ 106, com direito a um livro das melhores críticas de Pablo). Os “colaboradores” terão acesso a uma área exclusiva e mais interativa do site, que incluirá uma lista de todos os filmes assistidos pelo crítico ao longo da semana, com breves comentários ; um fórum exclusivo; hangouts mensais com a equipe do site; uma enquete mensal para escolher um “Jovem Clássico” a ser dissecado por Villaça; e links comentados sobre cinema e arte.
O projeto – elaborado com a ajuda do empresário Rodrigo Baldin, amigo do crítico, e do leitor Rodrigo Mathias, aluno de Villaça e funcionário do Paypal que negociou na empresa uma forma de ajudar o site – prevê a permanência dos 17 anos de conteúdo do Cinema em Cena como arquivo. “Basicamente, eles fizeram tudo por mim. Só precisei tentar”, brinca Villaça. Ao mesmo tempo, porém, ele estipula uma nova fase pare o site, mais leve e que diminua os gastos com provedor, possibilitando o investimento em novos conteúdos. Continuam as críticas, o podcast, as colunas sobre temas como figurino e som, os blogs, mas o site não vai mais produzir notícias – passando a oferecer um sistema agregador de links para outras fontes.
O futuro do portal, no momento, depende de quantos leitores embarcarem nessa empreitada. O Cinema em Cena possui um custo mínimo mensal e, ultrapassado esse valor, novos conteúdos e viagens para cobertura de festivais poderão ser viabilizados. “Com 1h30, já temos várias assinaturas, e a maioria delas anual. O que eu não esperava”, revela o crítico, surpreendido pelo amor dos fãs.
Leia um trecho da carta de Pablo Villaça aos leitores: