Para os fãs mais ansiosos, foram longos seis anos de espera entre “De Graça” e “Guaia”, o álbum que Marcelo Jeneci, 37, acaba de colocar na praça, cuja turnê se inicia nesta sexta (2) em Belo Horizonte. “O (produtor) Pedro Bernardes me trouxe um ensinamento filosófico que regeu todo o disco: ‘não vamos nos colocar à frente da coisa’. Nenhuma camada musical foi solucionada às pressas, foi uma arquitetura ‘mandálica’, que demanda um tempo próprio”, considera o músico.
Essa não é a única diferença notada no lançamento. Logo de cara, “Emergencial” revela o seu caráter político-ambiental, ao clamar pela conexão com o meio ambiente e inserir um canto indígena. “A última notícia que tivemos foi de um massacre à tribo waiãpi, com abuso sexual de crianças e mulheres, uma barbárie”, protesta Jeneci, que faz questão de deixar claro seu posicionamento.
“A extrema direita se apropriou de uma retórica, onde ela se diz heroica contra a corrupção, e convenceu muita gente com essa crença ingênua, vários amigos meus caíram nessa, mas é tudo parte de um plano sinistro, egoísta e corrupto. Estão vendendo o Brasil e autorizando o massacre de vários povos indígenas, liberando inúmeros agrotóxicos, dando vários passos para trás. Precisamos aterrar esse mal aos poucos, com o que cada um pode fazer”, diz.
O músico também opinou sobre outros eventos políticos que movimentaram a cena nacional nos últimos anos. “A gente vive um momento onde as bestialidades humanas e militares ganharam os holofotes. O Brasil está sofrendo uma manipulação, que faz parte de um plano sinistro e aterrorizante, que envolve o assassinato da Marielle, o golpe contra a Dilma e a prisão política do Lula. Um preso político não tem nada a ver com justiça, é uma ordem acima que o mantém nessa condição. É hora de falar sobre o impeachment do Bolsonaro”, concluiu.