Negociação

Bolsonaro almoça com empresários mineiros e recebe carta com 27 propostas

Durante almoço na Fiemg, presidente recebeu carta com 27 propostas que podem ser realizadas pelo poder executivo

Por Cinthya Oliveira
Publicado em 30 de setembro de 2021 | 18:41
 
 
Apoiadores esperam que o presidente saia para conversar e interagir com eles. “Ô, Bolsonaro, cadê você, eu vim aqui só pra te ver", alguns gritam Foto: Fred Magno / O TEMPO

Durante almoço na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), no bairro Funcionários, na tarde desta quinta-feira (30), empresários entregaram ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) uma carta com 27 propostas, descritas em 31 páginas. Entre elas estão a regulamentação de um sistema híbrido de trabalho (presencial e remoto) e a permissão para que a indústria possa gerar de forma local a energia a partir de óleo diesel ou gás natural. 

No almoço, além do presidente e de diretores da Fiemg, também estavam presentes o governador Romeu Zema e o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Gilson Soares Lemes, e políticos. No evento havia cerca de 60 pessoas, entre convidados da Fiemg e da comitiva de Bolsonaro.

De acordo com o presidente da Fiemg, Flavio Roscoe, as propostas entregues não dependem de aprovação de leis e podem ser colocadas em prática pelo poder executivo. A intejnção é resolver gargalos identificados por diferentes setores industriais de Minas. 

Para ele, o principal destaque é o pedido de sanção presidencial para o projeto de lei que institui a criação do Tribunal Regional Federal (TRF) da 6ª Região, com sede em Belo Horizonte. Roscoe relata que o fato de Minas pertencer ao TRF-1, com outros 13 estados, faz com que o Estado seja penalizado no setor econômico. 

“No TRF-1, as ações demoram mais tempo do que nos outros TRF. Isso gera uma situação muito desigual de competição porque as empresas dos Estados sediados no TRF-1 acabam sendo prejudicadas. Além disso, quando uma empresa mineira tem que recorrer na Justiça Federal e vai à segunda instância, tem que mandar o advogado dele para Brasília, o que envolve custo de deslocamento”, explica Roscoe.

Vale lembrar que Minas corresponde a quase metade das ações que correm no TRF-1. Segundo o presidente da fiemg, o TRF-6 não só beneficiaria Minas como também os outros Estados da 1ª Região, como Bahia e Goiás. Roscoe disse ainda que o presidente Bolsonaro se mostrou favorável à criação da 6ª Região, mas está aguardando análises técnicas dos ministérios. 

Outra proposta feita foi de editar a Lei 14.195/2021, que dispõe sobre facilitação do Comércio Exterior. Os empresários pedem para que as licenças de importação voltem a ser exigidas como anteriormente, evitando casos de sonegação e subfaturamento. O mecanismo anterior impedia que empresários no Brasil importassem da China (ou outros países) produtos com valor inferior ao praticado no mercado internacional. 

“A gente entende que o mecanismo é importante e não foi questionado por 20 anos. A mudança abriu as portas para que houvesse importações muito abaixo do preço do mercado internacional. A China já é o país que exporta mais barato no mundo e ainda assim tem produtos chegando de lá com valor 10% menor do que no resto do mundo. Isso gera concorrência desigual”, diz Roscoe.