Orçamento

Brasileiro não tem o hábito de poupar, segundo pesquisa

Conforme estudo, 70% da população não consegue guardar dinheiro; entre os que guardam, valor médio é de R$ 400,57/mês

Por Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2018 | 03:00
 
 
A remuneração da poupança é formada por uma taxa fixa de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial Foto: Leonardo Lara/25.3.2009

SÃO PAULO. Poupar dinheiro não é um hábito do consumidor brasileiro, nem mesmo entre aqueles que têm renda maior. É o que diz o Indicador Mensal de Reserva Financeira. Os dados mostram que, em cada dez brasileiros com renda superior a cinco salários mínimos (R$ 4.690), apenas três (30%) conseguiram encerrar o último mês de novembro com sobra de dinheiro.

No total, 66% das pessoas que fazem parte das classes A e B não foram capazes de guardar nenhuma parte dos rendimentos, e 4% não sabem ou não responderam, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Considerando-se todas as classes sociais, a proporção dos que conseguem guardar dinheiro é ainda menor. Somente 30% conseguiram fechar novembro com sobras, contra 70% de não poupadores. Entre aqueles que conseguiram guardar dinheiro em novembro e que sabem quanto guardaram a média de valor é de R$ 400,57.

“O consumidor deve ter em mente que um orçamento controlado pode fazer toda a diferença. O ideal não é poupar somente o que sobra no fim do mês, mas sempre reservar uma quantia fixa”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Exemplo desse comportamento é que apenas 5% dos poupadores reconhecem guardar sempre a mesma quantia todos os meses. Um quarto (25%) guarda apenas o que sobra no orçamento quando termina de pagar todas as contas.

Caderneta. Segundo a pesquisa, a caderneta de poupança é o destino mais frequente do dinheiro guardado, com 60% de menções. Em segundo lugar, aparecem as pessoas que deixam o dinheiro guardado em casa (18%). Completam o ranking os fundos de investimento (13%), a previdência privada (10%), os certificados de depósito bancário (8%), o Tesouro Direto (4%) e o dólar (2%).
O principal motivo alegado pelos que deixam dinheiro guardado em casa é a liquidez, com 41% de menções, ou seja, a facilidade para dispor desse dinheiro quando precisam usá-lo em momentos de necessidade. Também se destacam a sensação de segurança (20%), o fato de serem pequenas quantias (20%) e até mesmo o receio de um confisco da poupança (16%), “algo que objetivamente pode ser descartado”, afirmam, em nota, o SPC Brasil e a CNDL.

Além de mostrar que a caderneta é o investimento que os poupadores mais conhecem, o estudo revelou que o Tesouro Direito ainda é pouco familiar: 79% das pessoas que não usam a poupança disseram já ter ouvido falar dessa modalidade. No caso da previdência privada, 61% dos que não a têm já ao menos ouviram falar a seu respeito. Já 57% conhecem os investimentos em ações.

Reservas distintas para cada objetivo

Técnicos do SPC Brasil alertam que a pessoa deve ter reservas distintas para cada objetivo de vida, como garantir-se contra imprevistos, conseguir uma aposentadoria tranquila ou realizar um sonho de consumo. A pesquisa mostra que proteger-se de imprevistos é o principal propósito dos brasileiros que guardam dinheiro.

Pouco mais de um terço (34%) dos poupadores reservaram parte de seus rendimentos para lidar com uma eventual doença ou morte na família. Para 32%, o principal objetivo é garantir o bem-estar da família no futuro, ao passo que 28% pensam em ter uma reserva que cubra gastos em uma situação de desemprego. Apenas 11% dos poupadores brasileiros guardam dinheiro pensando na aposentadoria.

De acordo com a pesquisa, em cada dez brasileiros que têm reserva financeira, quatro (42%) tiveram de sacar ao menos parte desses recursos para pagar contas de casa (13%), imprevistos (9%) ou dívidas (9%).