O mau desempenho do comércio travou o crescimento da economia mineira no segundo trimestre deste ano e o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, que sinalizava recuperação desde o fim do ano passado, registrou uma retração de 0,4% em relação ao trimestre anterior. No Brasil, o crescimento foi de 0,2%. Levantamento da Fundação João Pinheiro (FJP) revela que, enquanto o varejo recuou 0,3% no país, em Minas, ele caiu 0,9%. Ao lado desse segmento, o ramo de transportes, com redução de 1,1%, ajudou a atrapalhar o resultado do Estado. Em valores correntes, o Estado acumula R$ 289,7 bilhões no primeiro semestre.

De acordo com o economista da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio), Guilherme Almeida, a explicação está na greve dos caminhoneiros. “O desempenho do setor de serviços como um todo foi ruim, mas o principal afetado foi o segmento de transportes. O resultado foi pior em Minas porque aqui a malha rodoviária é a maior do país, por isso, o impacto também foi maior, pois afetou muito o escoamento da produção”, justifica Almeida. No acumulado do ano, ele destaca que o impacto geral do comércio em Minas está equivalente ao do Brasil.

O coordenador de contas regionais da diretoria de estatística e informações da FJP, Raimundo de Sousa Leal Filho, ressalta que, de fato, a greve dos caminhoneiros teve forte participação na queda do PIB. “Menos cargas foram transportadas”, justifica.

O resultado trimestral só não foi pior porque o ramo e saneamento e energia registrou alta de 2,3% e a indústria extrativa mineral – de forte presença no Estado – teve um crescimento expressivo de 10,2%. A curiosidade é que o setor cresceu mesmo com a suspensão das atividades do mineroduto da Anglo American, que paralisou as atividades de mineração após vazamentos registrados em março deste ano.

O economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Paulo Roberto Casaca, explica que o extrativismo só cresceu porque a base comparativa do primeiro trimestre estava muito baixa. “Choveu muito e isso atrapalhou a produção do começo do ano. Por isso, logo depois houve uma recuperação”, justifica.

Já no primeiro semestre (1%) e também no acumulado dos 12 primeiros meses (1,1%), o PIB mineiro cresceu. Mas o momento ainda é de suspense. “Avaliando períodos mais longos, é possível ver que a economia melhorou. Entretanto, o que vemos a partir de agora é muita oscilação e, por isso, não é possível definir uma tendência de melhora”, afirma Leal Filho.

Na avaliação do pesquisador, o fundo do poço aconteceu no fim de 2016. “Em 2017, a liberação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e uma safra excepcional favoreceram o curto prazo. Mas, do fim de 2017 para o começo de 2018, essa tendência perdeu força”.

 

Agropecuária tende a melhorar

A agropecuária teve um primeiro semestre negativo em Minas Gerais. O setor registrou queda de 0,8% em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com o coordenador de contas regionais da diretoria de estatística e informações da Fundação João Pinheiro (FJP), Raimundo de Sousa Leal Filho, as expectativas para o resto do ano são mais otimistas. “Ainda não tivemos a safra de café, que tem parte significativa no terceiro trimestre, o que vai ajudar a gerar resultados mais positivos”, destaca.

No ano, o setor gerou R$ 28 bilhões. A fatia mais significativa é a dos serviços, que soma R$ 175,9 bilhões.