Alerta

Copasa reduz captação em rio, mas descarta racionamento

Com 37 cidades do interior em sistema de rodízio de abastecimento, a hora é de uso consciente

Por Juliana Gontijo
Publicado em 23 de setembro de 2017 | 03:00
 
 
Água do rio Paraopeba era retirada em Brumadinho e bombeada para estação de tratamento, descansando o resto do sistema Foto: Lincon Zarbietti – 21.12.2015

Depois de investir quase R$ 130 milhões numa obra para captar água diretamente do rio Paraopeba, em Brumadinho, com a promessa de que o abastecimento da região metropolitana de Belo Horizonte estaria garantido durante 20 anos, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) parou de retirar água do rio, porque ele está baixo demais. É o nível mais baixo dos últimos 60 anos. A captação de água está paralisada desde a última terça-feira, conforme o diretor de operação metropolitana da companhia, Rômulo Perilli. Desde o início de agosto, a quantidade de água retirada do rio das Velhas também vem sendo reduzida.

A chuva não tem ajudado. De janeiro a setembro, choveu praticamente a metade da média histórica. É a pior seca em cem anos; já são 101 dias sem chuva. “Em setembro foi zero de chuva. Para outubro, a previsão é que fique abaixo da média”, diz.

Diante desse quadro, a partir de agora, a água que abastece a região metropolitana vai sair dos reservatórios que a Copasa já tinha, mas que estavam sendo poupados para voltar a encher. O volume desses lagos, porém, só é suficiente para assegurar o abastecimento pelos próximos dez meses.

O diretor afirma que, se a obra de captação, finalizada em dezembro de 2015, não tivesse sido feita, já em 2016 e 2017 o quadro teria sido ainda pior, com adoção do racionamento.

Embora considere a situação crítica, Perilli afastou a possibilidade de racionamento na região metropolitana. “Nós temos condições de suportar uma seca como a deste ano por mais dois anos. Se isso acontecer, o que nós vamos viver na região Sudeste do país não é mais um drama, é uma tragédia”, diz o diretor.

Ele afirma que, se a situação que temos hoje se repetir por mais dois ou três anos, será necessária a adoção de medidas emergenciais absolutamente anormais. “É gravíssimo, isso não se repete. São pontos fora da curva que a gente não conta, no momento”, observa.

Rodízio. Só que, se o cenário está sob controle na região metropolitana, o mesmo não acontece em 37 cidades do interior do Estado que já adotaram o rodízio, entre elas Arcos, Barbacena, Bom Despacho, Santo Antônio do Monte, Ubá e Montes Claros. Com pouca chuva, a Copasa orienta que a população use a água de forma consciente. “A água é um bem finito”, frisa Perilli.