É inegociável: “pão de queijo tem que ter queijo”. Quem crava é Bruna Amaro Quintas, de 30 anos, proprietária da loja Jambeiro Armazém, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que vende cerca de 60 kg da iguaria por mês e tem até rodízio especial. Nesta quinta-feira, haverá uma promoção de '3 por 2' para a clientela, afinal, 17 de agosto é o Dia Nacional do Pão de Queijo. No Brasil, são produzidas cerca de 892,5 mil toneladas por ano, segundo a última pesquisa industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2020. Deste total, 2/3  são fabricados em Minas, o maior produtor do país, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA). 

O pão de queijo é ainda o segundo produto mais vendido nas padarias de Minas, perdendo apenas para o pãozinho francês, segundo  Vinícius Dantas, de 63 anos, presidente do Sindicato e Associação Panificação e Confeitaria de MG (Amipão). Segundo ele, grande parte dos estabelecimentos está terceirizando o processo de produção, em busca de menores custos. “O volume que a indústria fabrica é muito elevado. Na padaria, pelo processo artesanal, o custo acaba se elevando. E, obviamente, cabe ao empresário acompanhar a qualidade do que está comprando. Tem pão de queijo no mercado que é pura essência. Tem que ter queijo”, detalha.

O presidente da Amipão conta que o setor das padarias tem se recuperado após pandemia e vem se formalizando novamente. “Nos últimos seis meses, acredito que o setor cresceu em torno de 5% em Minas”, diz. Para Dantas, a desaceleração da aquisição de bens duráveis - mais caros - pela população, acaba favorecendo o consumo no dia a dia. 

Com 15 anos no mercado, a Xodó de Minas atende 80% das padarias de Belo Horizonte e região metropolitana. A produção mensal é de cerca de 950 toneladas por mês e a marca também comercializa seus produtos na Bahia, no Paraná, em Santa Catarina, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Espírito Santo, além do Distrito Federal. 

A marca, como grande parte dos empreendimentos mineiros, começou com uma receita familiar e o negócio cresceu. Só entre 2022 e 2023, o faturamento da empresa aumentou cerca de 12%. Amarildo Martins, de 50 anos, gerente comercial, conta que uma nova fábrica, em Contagem, será inaugurada em fevereiro de 2024 e a capacidade de produção deve aumentar três vezes. Hoje são 180 funcionários em dois turnos de fabricação. “Está prevista uma nova contratação de pessoal. Mais uns 80 postos devem abrir, direto na linha de produção”, explica. 

Segundo Martins, durante a pandemia, cresceu também a venda de pacotes de 1kg (R$ 24,90), congelados, para o consumidor final. Com a nova fábrica, a Xodó vai lançar ainda uma linha gourmet de pão de queijo, que vai ser empanado com parmesão. A marca já fabrica biscoitinho de três queijos (canastra, parmesão e provolone) e o do formato ferradura.

Para celebrar o Dia do Pão de Queijo, a Xodó vai fazer uma ação, às 16h desta quinta, em frente à Igrejinha da Pampulha, que vai contar com a distribuição de brindes e lançamento do mascote Xodozinho.

Casa em Contagem oferece rodízio de pão de queijo

A Jambeiro Armazém, em Contagem, conta com oito sabores de pão de queijo no dia-a-dia e promove um inusitado — e popular — rodízio, com vinte opções, a R$ 70 o casal ou R$ 39,90 por pessoa. Só neste dia, são vendidos cerca de 20kg. O próximo já está marcado para 16 de setembro, das 8h às 12h. 

Mas quem for à casa nesta quinta, já vai poder se esbaldar numa promoção de três pelo preço de dois. Entre os sabores fixos do café estão linguiça, requeijão, goiaba, geleia de jabuticaba, nutella, doce de leite, alho poró e marguerita, o campeão de vendas. Cada um sai por R$ 8,90. 

Todos os pães de queijo servidos na Jambeiro são da marca Seu Ninico, que existe desde meados de 2009, e tem fábrica em Contagem. “Gosto de trabalhar com a marca, porque é bem caseira. Trabalho há anos com eles. Tem uma versão lanche, maior”, explica Bruna.  

A marca é uma das cerca de 451 empresas que fabricam o produto no Estado, segundo um levantamento da Econodatas, plataforma de prospecção de vendas, que reúne dados para mapear mercados. 

A Seu Ninico começou com fabricação caseira e hoje tem capacidade de 220 toneladas de pão de queijo por mês. A empresa vende produtos para Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina. Guilherme Lima, de 35 anos, um dos quatros sócio-proprietários e também diretor comercial da marca, conta que tudo começou quando ele resolveu fazer pães de queijo para juntar dinheiro para um curso. Formado em engenharia metalúrgica, ele aprendeu a receita com a mãe e aperfeiçoou com os sócios. O nome é uma homenagem ao avô.  “Comecei vendendo congelados para meu ciclo de contatos. Em 2010 montamos uma pequena indústria para vender para estabelecimentos e, em 2017, entramos nas redes de supermercados”, explica. 

Atualmente, o foco da empresa é para venda em atacado, mas os consumidores também encontram pacotes de pão de queijo de 1kg em supermercados, ao preço médio de R$ 29. “A gente mantém a mesma receita desde o primeiro dia. São os mesmos fornecedores, que evoluem junto com a gente. Só vamos crescer se mantivermos a qualidade”, afirma Lima. O pão de queijo da Seu Ninico é escaldado, não usa fécula e tem queijo minas artesanal. 

Além da versão tradicional, a marca oferece outros tamanhos do produto para atender a diferentes demandas do mercado. Há alguns maiores, voltados para lanches de estabelecimentos como a Jambeiro, outros menores para coquetéis e ainda a linha zero lactose e três queijos.