Diferença

Empresas de factoring são boa alternativa para juros menores

Taxa de ágio cobrada para antecipar os recebíveis giraemtorno de 4,5% do valor a receber

Por Queila Ariadne
Publicado em 28 de fevereiro de 2017 | 03:00
 
 
Apesar da crise. Para ganhar em escala, Plínio Mendonça dobrou o quadro de funcionários da Real Golden e ampliou a base de clientes Foto: UARLEN VALÉRIO

Quando vai vender um pacote de viagens, o diretor da Metrópole Turismo, Luiz Gustavo Campos, parcela em até dez vezes para seu cliente. Entretanto, para conseguir bons descontos com hotéis, restaurantes e companhias aéreas, ele precisa pagar à vista. Para antecipar o dinheiro, ele recorre a uma factoring, que adianta o valor ao empresário e compra a dívida dos clientes dele. Ele poderia recorrer a bancos para garantir o capital de giro, mas, com taxas mais baixas e menos exigências, as empresas de factoring têm sido boas alternativas.

O presidente do Sindicato das Empresas de Factoring (Sindisfac-MG), Marcelo Costa, destaca que, em média, a taxa de ágio cobrada para antecipar os recebíveis gira em torno de 4,5% do valor a receber. “É mais vantajoso do que recorrer a bancos, pois os juros de linhas como o cheque especial, por exemplo, chegam a 17% ao mês. E, na factoring, ele vai pagar proporcionalmente: se precisar antecipar um recurso por apenas cinco dias, pagará por esse período”, explica o dirigente.

Segundo Costa, a maioria dos clientes antecipa os recebíveis para pagar fornecedores e folha de pagamento. “Por exemplo, o empresário compra a mercadoria para pagarem 30 dias, mas demora 60 dias para girar, além de dar prazo para o consumidor. Então, existe um ‘gap’, e vale a pena antecipar os recebíveis, até mesmo para escapar de pagar juros por atraso”, exemplifica.

Para Luiz Gustavo Campos, a factoring ajuda a manter as contas e a margem de lucro. “Eu divido o pacote em até dez vezes, mas, quando negocio com companhias aéreas, às vezes posso conseguir até 30% de desconto se eu pagar à vista. Então, é vantagem pagar 4,5%”, justifica.

Na avaliação do professor de ciências contábeis do Ibmec Bruno de Araújo, antes e recorrer a qualquer linha de empréstimo, o ideal é colocar tudo na ponta no lápis. “A antecipação vale a pena se o desconto à vista for superior a 20%. Além da factoring, existem outras linhas de antecipação de recebíveis, oferecidas pelos bancos, como a conta garantida. Essa modalidade é como se fosse um cheque especial para pessoa jurídica, mas tem uma taxa de juros bem menor do que para pessoa física, entre 3% e 8% ao mês”, observa o professor.

O presidente do Sindisfac-MG destaca que a vantagem da factoring em relação aos bancos é a simplificação do processo. “Quando uma factoring vai antecipar um recebível, todos os riscos de inadimplência são avaliados. Aquilo que seria pago ao nosso cliente pelo cliente dele passa a ser pago a nós. Se o cliente final não pagar, o nosso paga”. As transações de transferência da dívida são devidamente autorizadas. “Na prática, não afeta em nada o consumidor, que continua pagando do mesmo jeito”, explica Costa.

Como é

Cadeia. O cliente compra parcelado. O vendedor repassa as prestações para a factoring e antecipa o total à vista, pagando um ágio por isso. O consumidor passa a dever à factoring.

 

Apesar da crise, 30% das empresas pretendem expandir

Se a empresa vende menos, terá menos recebíveis para antecipar. Apesar da crise, as empresas de factoring apostaram no investimento para ganhar em escala. Segundo pesquisa do Sindicato das Empresas de Factoring (Sindisfac-MG), 30% dos empresários do ramo estão dispostos a expandir. O diretor da Real Golden, Plínio Marcos Mendonça, conta que a empresa dobrou o quadro de funcionários e investiu em tecnologia para ampliar a base de clientes. “Tínhamos quatro funcionários e contratamos mais quatro. Conseguimos aumentar nossa base de clientes em 40%, desde 2015”, afirma. Ele explica que, com a crise, mais empresas buscam a factoring, entretanto, no geral, todos estão faturando menos, por isso é importante manter os investimentos. (QA)