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Gasolina aumentou, mas etanol também; compensa abastecer com álcool?

Especialista explica como fazer o cálculo e ir além do parâmetro de 70% do preço dos combustíveis

Por Da Redação
Publicado em 01 de março de 2023 | 13:49
 
 
Preço da gasolina e do etanol aumentou devido ao retorno dos impostos federais sobre os combustíveis Foto: Digital Buggu/Pexels/Reprodução

A gasolina ficou mais cara, com o retorno dos impostos federais sobre o combustível, e o etanol também teve um reajuste, mas em escala inferior. O ministro da Economia, Fernando Haddad, pontuou, ao anunciar a reoneração mais elevada da gasolina, que a medida restabelece a diferença de impostos entre os combustíveis fósseis e os não fósseis e mais limpos, como o etanol. Pelo menos em Belo Horizonte, contudo, por enquanto ele pode não compensar para o bolso do motorista.

Isso porque, tradicionalmente, o etanol vale a pena quando o preço do litro é até 70% do valor da gasolina na bomba, pois o álcool rende menos no tanque, em média. O preço médio da gasolina na capital na última semana, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), era R$ 4,85, e o do etanol, R$ 3,71. 

Considerando a volta dos impostos federais e o corte de preço da Petrobras, a gasolina deve ficar R$ 0,34 mais cara — ou, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), R$ 0,38. Com isso, o preço médio pode ficar entre R$ 5,19 e R$ 5,23. E 70% desses valores, isto é, o máximo que o etanol poderia atingir para ser vantajoso, é R$ 3,66.

Acontece que seu preço médio já estava acima disso antes do reajuste da Petrobras e, agora, tende a aumentar, devido ao retorno dos impostos federais. Em postos percorridos pela reportagem na manhã desta quarta-feira (1º), o etanol estava alguns pontos percentuais acima de 70% do valor da gasolina, em torno de 72% a 74%.

Em alguns casos, etanol acima de 70% do preço da gasolina compensa; entenda

O valor de 70% não é inflexível, pois o motor de cada carro se comporta de maneira diferente e alguns rendem mais e outros, menos com o etanol. O engenheiro mecânico e professor do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG) Sérgio Melo explica que o parâmetro de consumo de cada carro é diferente.

“Esse valor não deve ser levado ao pé da letra, principalmente porque, quando ele foi estabelecido, era em uma geração de carros bem mais antiga e que tinha rendimento bastante prejudicado em relação ao que se tem hoje em dia. A única coisa certa é a pessoa fazer seu próprio percentual: pegar o carro, abastecer com um dos dois e rodar até acabar. Aí, abastece com o outro e vê quantos quilômetros rodou”, diz.

Com esses números, detalha o professor, é possível entender o preço máximo do etanol para ele ainda ser vantajoso. “Você divide um pelo outro. A quantidade de quilômetros por litro do etanol pela quantidade de quilômetros por litro da gasolina. O fator que você obtiver dessa dessa divisão será aplicado sobre os preços da gasolina. Se o etanol estiver abaixo disso, vale a pena”, detalha. 

Um instrumento que pode ajudar no cálculo é o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV). É o selo verificado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) com informações de rendimento de diferentes modelos de carro. A lista está disponível no site do instituto.