Briga

Justiça autoriza rebaixar o nível de água em usina 

Operador Nacional do Sistema diz que prioridade é energia; cidades discordam

Por Da Redação
Publicado em 15 de agosto de 2014 | 03:00
 
 
Minas Gerais. Usina Mascarenhas de Moraes é uma das poucas que ainda têm bom nível de água Foto: furnas/divulgacao

Brasília. Uma decisão da Justiça Federal autoriza Furnas a reduzir em até 13 metros o volume da usina Mascarenhas de Moraes, em Ibiraci (MG), uma das únicas do Sudeste que ainda operam com nível de água satisfatório de água. Uma liminar obtida por municípios que devem ser prejudicados com a medida vinha impedindo, desde maio deste ano, que isso ocorresse. Eles ainda vão impor um novo recurso para tentar manter a represa no nível atual.
 

O pedido para reduzir o volume dividindo a água com outras hidrelétricas foi feito a Furnas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que controla os reservatórios, e para o qual a prioridade no uso da água é da União, e com vistas à geração de energia. O problema é que cidades como Delfinópolis, no Sul de Minas Gerais, podem ficar sem água para o turismo e outros setores como a agricultura, que tem mil hectares irrigados. Corre o risco ainda de ficar isolada, já que a balsa de acesso ao município pode parar.

As prefeituras afetadas têm até o fim deste mês para recorrer. Quem assinou a decisão foi o juiz Bruno Augusto Santos Oliveira, o mesmo que havia concedido a liminar impedindo a divisão da água. A autorização obriga Furnas a ter de comprovar ações para evitar os impactos ambientais na região.

Projetadas para a seca. A disputa pela água já havia feito com que prefeitos, empresários, políticos e outros representantes da região pressionassem o governo federal a desistir da medida. Entretanto, segundo o secretário de Energia Elétrica do Ministério das Minas e Energia, Ildo Wilson Grudtner, as usinas Mascarenhas de Moraes e Furnas foram projetadas para armazenar água do período úmido para ser usada no período seco. E as usinas da bacia do Rio Grande registraram em 2014 a pior precipitação em 83 anos.

Ele contou que, com a água liberada, a usina de Mascarenhas – somada com as demais que serão beneficiadas – produzirá 550 megawatts de energia por mês, em média. Sobre os prejuízos para os municípios, ele justificou em audiência no mês passado: “Essa usina foi planejada para esvaziar, então todas as atividades desenvolvidas depois têm que estar aderentes ao seu comportamento”. O ONS estuda a redução do reservatório até a cota mínima, que é de 653 metros em relação ao nível do mar.

Muita água

Sobrevivendo. A Mascarenhas de Moraes é uma das poucas usinas que ainda contam com bom nível de água. Ontem, operava com 73,82% da capacidade do seu reservatório.