Em tempos de escassez hídrica, como não é possível retirar mais água porque os reservatórios estão baixos demais, a alternativa é redobrar a atenção no combate ao desperdício. De 2010 para 2013, o índice de perdas da Copasa no Estado subiu de 33% para 33,8%. A empresa foi procurada, mas disse que só comentará hoje, em coletiva para anunciar as medidas em relação ao abastecimento.
Segundo o diagnóstico divulgado nesta quarta pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ligado ao Ministério das Cidades, a cada cem litros distribuídos em Minas Gerais em 2013, 33,5 litros foram desperdiçados e não chegaram ao consumidor final. No Brasil, o índice foi de 37%.
Com temperaturas cada vez mais altas, o consumo tem crescido em um ritmo maior do que a própria população, ampliando as margens para perdas. De 2010 para 2013, enquanto a população de Minas Gerais cresceu 5,1%, o consumo per capita aumentou 8,1%.
Em 2010, Minas tinha uma população de 19,6 milhões de pessoas e cada habitante consumia 147 litros de água por dia. Em 2013, a população já havia subido para 20,6 milhões de pessoas. Mas cada uma delas já consumia 159 litros diariamente. Isso significa que, em quatro anos, os mineiros passaram a consumir cerca de 390 milhões de litros de água a mais por dia.
Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Marcus Vinicius Polignano, a hora é de usar com consciência, e não de desperdiçar. Ele afirma que é importante reconhecer que vivemos um momento de crise da água. “É fato que a curto prazo não tem como aumentar a disponibilidade de água. Assim, o primeiro passo é estimular o seu uso racional”, destaca Polignano.
Embora o relatório do SNIS não traga dados do ano passado, tudo indica que tanto o consumo como o desperdício tenham crescido, uma vez que, de acordo com medições da Agência Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, 2014 foi o ano mais quente desde 1880.
Essas perdas medidas pelo SNIS incluem tanto o volume de água que foi usado mas não foi contabilizado por algum motivo como falha no aparelho de medição, como perdas provocadas por vazamentos em reservatórios, adutoras e redes em geral.
O índice de perdas de água considerado aceitável pelo SNIS é de até 20%. De acordo com o relatório, em 2013, nenhum Estado conseguiu situar-se nessa faixa. Na faixa entre 30% e 40%, situaram-se 12 Estados, incluindo Minas. A maioria, 13 Estados, registraram perdas superiores a 40%, sendo o pior no Acre (55,9%).
Modernização
Tem que melhorar. Segundo o SNIS, as ações na área de gerenciamento de perdas consistem
basicamente redução de perdas reais e aparentes de água e o desenvolvimento gerencial.