Viajando só

O prazer de sua companhia

Para especialistas, o segredo é quebrar a barreira do constrangimento e se divertir muito

Por Juliana Gontijo
Publicado em 26 de março de 2017 | 03:00
 
 
Mochilão. Isabella Corradi foi a 15 países da Europa sozinha e achou a experiência “maravilhosa” Foto: Mariela Guimarães

Boa parte das pessoas tem receio do desconhecido. Entretanto, viajar sozinha não é um “bicho de sete cabeças” para muitas mulheres. O que não quer dizer que não é preciso tomar cuidado. O primeiro passo, segundo a blogueira do 360meridianos, especializado em viagens, Luíza Antunes, 28, é buscar informações sobre o destino que você quer conhecer. “Saber mais sobre o lugar para onde você vai antes é muito importante até para você decidir se aquele é ou não um destino que você está disposta a conhecer sozinha”, diz.

Para ela, não há nenhum problema em estar sozinha nos lugares. “Muita gente tem dificuldade em pensar em se sentar numa mesa de restaurante sozinha, por exemplo. Muitas mulheres comentam isso comigo no blog. Mas aí é ótimo, porque várias outras respondem: qual é o constrangimento? Por que você vai sentir pena de você mesma por estar em sua própria companhia? É uma delícia descobrir como nossa companhia pode ser boa”, observa.

A proprietária da Mundi Travel Agência de Turismo Marina Gomes, 34, diz que uma opção para mulheres que nunca viajaram sozinhas e que têm receio de se sentirem sós são as viagens em grupos de excursões. “É uma alternativa procurada por mulheres mais velhas ou as que desejam mais comodidade. É também uma forma de fazer amizade”, diz.

A publicitária Isabella Corradi, 24, fez um intercâmbio para o Canadá em 2009. No ano passado, ela decidiu fazer um mochilão pela Europa, quando ela conheceu 15 países e 23 cidades. “Foi uma experiência maravilhosa que vou guardar para o resto de minha vida”, frisa.

Além das 14 mil fotos, ela conta que fez amigos e voltou mais independente para o Brasil. “Aprendi a valorizar ainda mais o que tenho aqui. Na Suíça, por exemplo, tinha que pagar a mais pela água quente”, conta.

A estudante de jornalismo Juliana Corrêa,27, fez intercâmbio na Irlanda em 2015. “Aproveitei e conheci mais sete países. Foi uma experiência enriquecedora que não se restringe ao aprendizado de uma língua estrangeira, você aprende a se virar. Lá, vi várias mulheres viajando sozinhas”, conta.

A especialista em marketing digital Júlia Cândido de Oliveira,30, conta que sua primeira experiência sozinha foi no Canadá. Anos depois, morou na cidade do Porto, em Portugal, durante seis meses. “Aproveitei e conheci vários países sozinha. Eu não deixaria de viajar, de conhecer outra cultura por falta de companhia”, diz.

Para ela, o fato de o número de homens (11,8%) que pretendem viajar sozinhos ser menor que o de mulheres (17,8%), conforme o Ministério do Turismo, é fruto da postura da mulher. “Estamos mais ‘empoderadas’, mais independentes. O que percebo é que muitos homens querem que alguém planeje a viagem por eles, faça por eles, acabaram ficando mais dependentes”, analisa Júlia. O bancário Fellipe Gavioli de Abreu Teixeira, 32, disse acreditar que o número maior de viajantes sozinhos ser formado por mulheres é fruto da independência cada vez maior do sexo feminino.

Brasil no topo

Sem medo. Conforme o site Airbnb, o Brasil está entre os cinco países com mais mulheres que fazem viagens internacionais sozinhas, juntamente com Japão, Taiwan China e Rússia.


Eles também gostam, mas são poucos

FOTO: Fred Magno
Fellipe Gavioli acha que experiência tem prós e contras

O bancário Fellipe Gavioli de Abreu Teixeira, 32, faz parte do grupo dos homens que viajam sozinhos, que é uma fatia menor na comparação com o das mulheres, 11,8% ante 17,8%. Ele diz que a opção é fruto de vários fatores. “Muitos de meus amigos estão casados. Além do mais, nem sempre é possível conciliar minhas férias com a deles, como acontecia na época de estudante”, observa.

A última viagem que ele fez só foi para Bahia, em outubro de 2016. “Também fiz um mochilão pela Europa em abril de 2015”, diz. Para ele, há vantagens e desvantagens. “Entre os pontos positivos, está o de conhecer gente e fazer sua programação. O negativo é que nem sempre vai ter alguém para conversar”. (JG)