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Oferta achata preço do aluguel  

Ipead aponta que em janeiro de 2016 o valor da locação já estava menor do que no mês anterior

Por ludmila pizarro
Publicado em 27 de fevereiro de 2016 | 03:00
 
 
Estoque de imóveis para alugar cresce nas imobiliárias da capital Foto: MOISES SILVA

Quem anda pelos bairros da capital já reparou: as placas de “aluga-se” não param de surgir, e o número de imóveis vazios se acumula. “Nosso estoque de imóveis para alugar em 2014 era de cerca de 140 unidades, atualmente esse número está em 300”, afirma o corretor da imobiliária AD Imóveis Roberto Marcius dos Santos. Segundo ele, esse número envolve imóveis residenciais e comerciais, mas mais de 50% são residenciais. “Com essa oferta, os preços acabam sendo negociados e até estão caindo”, diz ele.

O índice referente aos preços médios mensais dos aluguéis pesquisados em Belo Horizonte, calculado pelo Instituto de Pesquisas, Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG), apresentou uma queda de 0,06% em janeiro frente a dezembro de 2015, quebrando um sequência de pequenas altas de sete meses.

O gerente de pesquisas do Ipead, Eduardo Antunes, porém, ressalta que essas altas estão bem abaixo do índice de inflação. “Desde o ano passado, há um arrefecimento nos reajustes do aluguel e um crescimento abaixo da inflação, o que representa perda real no valor do aluguel”, explica o coordenador do Ipead.

Redução maior. No mercado, porém, corretores estão sentindo reduções maiores. “Depende da localização, do imóvel, do proprietário, mas temos negociações em que o preço chega a cair de 20% a 30%”, afirma o corretor da GL Imóveis Lucas Vargas que atua na região Oeste da capital, principalmente no bairro Buritis. Ele identifica um aumento de cerca de 40% no estoque de imóveis nos últimos dois anos.

O corretor também afirma que, além da queda de preço, a dificuldade de alugar o imóvel leva o proprietário a aceitar condições especiais para fechar o negócio. “Primeiro mês de aluguel de graça e desconto de seis meses no valor do IPTU são algumas estratégias. Essa negociação é mais comum em imóveis em que o condomínio é alto porque, além de não ganhar o valor do aluguel, o proprietário tem que arcar com esses custos”, avalia Vargas.

Outra estratégia dos proprietários tem sido abrir mão das imobiliárias. O gerente de comunicação Maurício Bianco, que mora no Rio de Janeiro, está alugando um apartamento no Anchieta, na região Centro-Sul da capital, e preferiu buscar um locatário diretamente. “O valor que vou receber deve ficar em torno de 15% acima do que eu negociaria se utilizasse imobiliária. Por outro lado, tenho que fazer o contrato, a cobrança mensal e é mais trabalhoso”, afirma.

Para Bianco, outra vantagem é que ele pode apresentar um valor mais competitivo. “Estive na cidade, no Carnaval, e vi muito imóvel para alugar no Anchieta. Então, acho que a negociação direta pode ser um diferencial para conseguir fechar o negócio”, avalia o proprietário. Ele acredita que não terá dificuldade de alugar, já que, após divulgação nas redes sociais, já teve procura.

Recessão e devoluções causam aumento de imóveis vazios

A recessão econômica é, na avaliação do gerente de pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes, a principal causa para o aumento da oferta de imóveis para alugar na capital. “O arrocho econômico atingiu a população que deu uma freada nos gastos, tanto buscando aluguéis mais baratos como entregando o imóvel”, avalia.

O corretor da imobiliária AD Imóveis Roberto Marcius dos Santos relata um aumento significativo nas devoluções. “Não saberia mensurar, mas já percebi que desde o segundo semestre do ano passado, a desocupação de imóveis aumentou na corretora”, afirma.

“Se mantiver o atual ritmo econômico no país, a tendência é que os preços e as perdas financeiras de quem aluga continuem crescendo”, conclui Antunes do Ipead. 

Desconto médio nas transações já é de 9%, diz Fipe Zap

São Paulo
. O desconto médio praticado nas transações imobiliárias atingiu a marca de 8,8% no fim de 2015 – maior patamar já registrado na série histórica do Raio-X Fipe Zap. O indicador vem subindo desde março de 2015, quando estava em 6,8%. Desde fevereiro de 2015 também cresceram as transações com desconto. Com isso, em dezembro, apenas 22,1% das compras reportadas nos 12 meses anteriores foram realizadas pelo preço original pedido pelo vendedor. Ou seja, o preço de venda foi menor do que o anunciado em 77,9% das transações imobiliárias.

Os resultados da pesquisa reforçaram a expectativa de queda futura dos preços. Cerca de 58% dos entrevistados que pretendem adquirir um imóvel declararam que aguardam redução nos preços ao longo de 2016. Na pesquisa do terceiro trimestre, o resultado estava em 61%. A perspectiva de que os preços devem ficar iguais ficou em 24% dos entrevistados.

Mesmo diante desses resultados, o porcentual de investidores no mercado imobiliário residencial ficou constante ao longo do quarto trimestre de 2015, respondendo por cerca de 40% no acumulado em 12 meses.

Crescimento

Intenção
. Segundo o Raio-X Fipe Zap, a intenção de compra de imóveis subiu para 43% no quarto trimestre de 2015, frente a 40% nos três meses até setembro do ano passado.