Aviação regional

Passagem aérea para Ipatinga é três vezes mais cara que para Brasília

Dos 77 terminais aéreos de Minas, apenas nove têm voos comerciais; falta de concorrência também eleva preços das rotas internas

Seg, 04/11/19 - 03h00
Azul destaca que a aviação regional é prejudicada pelo preço do combustível, que é ainda mais caro em aeroportos do interior | Foto: Azul/divulgação

Belo Horizonte fica a 217 km de Ipatinga e a 735 km de Brasília. Apesar de ser três vezes e meio mais perto, voar da capital mineira para a cidade do Rio Doce fica pelo menos três vezes e meio mais caro. Segundo levantamento feito pela reportagem na semana passada para a data de hoje, é possível voar para o Distrito Federal a partir de R$ 210,49. Já para Ipatinga, a passagem mais barata custa R$ 737,49.

“Eu já paguei R$ 1.900 para ir a Belo Horizonte. É tão caro que, às vezes, optei por remarcar o compromisso para outro dia, para tentar pagar menos, porque dinheiro do povo não é capim”, desabafa o prefeito de Ipatinga, Nardyello Rocha (Cidadania). Apenas a Azul opera na cidade e, segundo ele, no momento não há nenhuma tratativa com outras companhias.

De acordo com o coordenador do curso de aviação da UNA, Kerley de Oliveira, os preços têm a ver com oferta, demanda e concorrência. “Quando você tem um aeroporto com grande movimento de aeronaves, várias empresas atuando, os custos acabam sendo mais diluídos. Agora, quando você tem poucos voos e poucos passageiros e só uma empresa, o custo da operação fica pesado”, explica Oliveira.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de janeiro a agosto deste ano, o aeroporto que atende Ipatinga, mas na verdade está localizado em Santana do Paraíso, recebeu 28,7 mil passageiros que vieram de Confins. No mesmo período, o de Brasília recebeu 300 mil. Atualmente, são cinco voos diários para Ipatinga, só da Azul, e 30 operações para o Distrito Federal, de Azul, Gol e Latam.

Oliveira destaca que, além da demanda, outro fator determinante é o combustível, que responde por 40% do custo e, consequentemente, impacta nos preços das passagens. “Nós esbarramos na questão da infraestrutura, pois, nem todo aeródromo do interior tem condições de abastecimento”, diz.

Por meio de nota, a Azul destaca que isso afeta especialmente a aviação regional, pois o combustível é ainda mais caro em aeroportos do interior. “Quando não tem, precisamos abastecer grandes volumes para ida e volta, queimando ainda mais ‘jetfuel’ para transportar essa quantidade adicional. Além disso, aviões menores têm maior custo de combustível, tripulação, organização terrestre (aeroportos e pessoal de terra) e leasing por assento ofertado. Utilizando um avião menor, precisamos diluir os custos daquela operação por um menor número de passageiros”, justifica a companhia. 

Ipatinga não é a única cidade com passagem de avião cara em Minas Gerais. Dos 77 terminais aéreos registrados no Estado, apenas nove têm voos comerciais, sendo que um deles é o aeroporto Confins. Entre os outros oito está Montes Claros, para onde os bilhetes só de ida variam de R$ 758,49 a R$ 1.132,49. O preço é igual ao das passagens para São Paulo, que é 150 km mais longe da capital mineira.

Voe Minas

Durante três anos, o governo estadual manteve um programa de subsídios a voos para cidades do interior: o Voe Minas. O projeto, que chegou ao fim em junho deste ano, será retomado com nova configuração: em vez do terminal da Pampulha, os voos serão em Confins. 

Por meio de nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico informa que um protocolo de intenções está sendo desenvolvido para propor rotas complementares de voos regionais no Estado. “As tratativas estão avançadas com a empresa Asta Linhas Aéreas, e o documento para assinatura deve ser finalizado até a metade do mês de novembro”, anuncia o governo. 

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