Negativo

PIB de Minas Gerais apresenta retração de 1,1% em 2014

Escassez de chuvas prejudicou atividade agropecuária, contribuindo para resultado negativo; país cresceu 0,1% no mesmo ano

Por Juliana Gontijo
Publicado em 29 de abril de 2015 | 18:00
 
 

A escassez de chuvas que impactou a atividade agropecuária e a geração de energia elétrica foram alguns dos fatores que contribuíram para que o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais fechasse no vermelho em 2014. De acordo com levantamento da Fundação João Pinheiro (FJP), divulgado quarta-feira (29), a queda foi de 1,1%, pior resultado desde 2009, ano de crise mundial, quando o recuo foi de 4%.

O desempenho de 2014 foi bem pior ao do ano anterior (0,9%). Na comparação com o país, Minas Gerais também não fica numa situação favorável, já que o PIB brasileiro no ano passado teve variação de 0,1%. "É importante destacar no que se refere a comparação dos dados de Minas e do país que estamos aprimorando o cálculo do PIB do Estado", frisou o coordenador do Sistema de Contas Regionais da FJP, Raimundo de Sousa.

Na divisão por setores, apenas o de serviços não registrou queda (0,2%) no Estado em 2014. O agropecuário teve o maior recuo (4,1%), seguido pela indústria (-3%), que amarga o segundo resultado anual negativo.

E o cenário para este ano não é nada animador, conforme Sousa. “O primeiro bimestre deste ano está com ritmo semelhante ao verificado no quarto trimestre do ano passado. A perspectiva é mais de estagnação do que de grande contração para 2015. Agora, não podemos esquecer do imponderável”, diz.

Para ele, se confirmada a recuperação da economia dos Estados Unidos neste ano, o Brasil poderá sair mais facilmente da crise. “Só que há várias questões que devem ser observadas, como as chuvas e a situação dos reservatórios”, analisa.

O coordenador do curso de ciências econômicas da Newton Paiva, Leonardo Bastos Ávila, explica que o PIB é um bom indicador do que está acontecendo na economia, já que mostra em números se ela está crescendo, estagnada ou ainda se está em retração. “Há o PIB per capita, que é dividido pela população e que serve como indicador de riqueza. E o PIB também é usado no cálculo do reajuste do salário mínimo. Logo, está mais presente na vida das pessoas do que ela imagina”, observa.

A lei de reajuste do salário mínimo leva em conta a inflação do ano anterior e o crescimento do PIB de dois anos anteriores.

Por isso, o novo cálculo para o crescimento do PIB brasileiro para 2010 e 2011 apresentado em março deste ano causou polêmica, já que pressionaria as despesas das empresas com a folha salarial, em um ambiente econômico de queda de faturamento. Com a conta refeita, o crescimento do PIB em 2011 ficou em 3,9%, superior aos 2,7% divulgados anteriormente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O de 2010 ficou em 7,6% em vez dos 7,5% apresentados antes.

PARA QUÊ SERVE O PIB?

Segundo economistas, o PIB é um bom indicador de crescimento, mas não de desenvolvimento, pois seu cálculo não considera informações sobre distribuição de renda, investimento em educação, qualidade de vida, escolaridade, entre outros.

Já para pensar a distribuição de renda de um país, o PIB per capita é calculado a partir da divisão do PIB pelo número de habitantes de um país, estado ou região. Ele indica quanto cada habitante produziu em determinado período. Esse dado, no entanto, não dá informações sobre desigualdade, já que é uma média.
 

Veja o estudo da Função João Pinheiro, na íntegra, AQUI.

Atualizada às 20h23