Hotelaria

Prédio do Othon Palace vai a leilão com lance mínimo de R$ 30 milhões

Oferta ocorre no pior momento da história do setor em BH, que espera ocupação média de 45%; venda será usada para pagar dívidas trabalhistas, entre outras

Por Queila Ariadne
Publicado em 23 de setembro de 2020 | 03:00
 
 
Construído em 1978, prédio que abrigou o Othon Palace, no centro de Belo Horizonte, está desativado há dois anos Foto: Ramon Bitencourt - O TEMPO

O prédio do tradicional hotel Othon Palace, no centro de Belo Horizonte, vai a leilão no dia 6 de outubro. O lance mínimo tem valor de R$ 30 milhões, e o processo será totalmente virtual. A oferta vai acontecer no pior momento da história da hotelaria da capital mineira que, na pandemia, viu a taxa média de ocupação chegar a 10%. “Neste ano, começamos com uma expectativa de 65% de ocupação para os hotéis da região metropolitana. Agora, se a recuperação realmente acontecer nesses últimos meses do ano, devemos chegar a no máximo 45%”, analisa o consultor estratégico em hotelaria Maarten Van Sluys, que já foi gerente do Othon em 2010.

Além da ocupação ser menos da metade do esperado antes da pandemia, também está perto da fase mais crítica já enfrentada pelo setor, no pós-Copa, quando a oferta de hotéis em Belo Horizonte cresceu bem acima da demanda. “Em 2016 e 2017, quando a média de ocupação era mais fraca da história, a taxa também era perto de 45%”, lembra Sluys. 

Na avaliação do consultor, o contexto hoteleiro, agravado pela pandemia, pode afastar interessados na compra do Othon. “O valor inicial do lance está compatível com o mercado, uma vez que o hotel tem cerca de 29 mil metros quadrados de área construída. Entretanto, além dos R$ 30 milhões, o investidor também terá que desembolsar pelo menos outros R$ 15 milhões em reformas como troca de ar condicionado, manutenção de elevadores e compra de mobiliários. Mesmo antes de ser desativado, há dois anos, o hotel já precisava de alguns reparos”, avalia o consultor. 

Segundo Sluys, o comprador terá liberdade para transformar o prédio em outra atividade, entretanto, o especialista acredita que o mais provável é que ele seja mantido como um hotel. “O prédio é tombado, então não pode sofrer mudanças no layout. Além disso, como não possui estacionamento, ficaria difícil transformar em um empreendimento residencial, pois o Othon está em uma área do centro sem opções de estacionamento”, diz. 

Histórico

Inaugurado em 1978, o Othon Palace encerrou as atividades em 2018. Na época, tinha cerca de 160 funcionários. O edifício tem 320 unidades habitacionais, distribuídas em 20 andares, além de 15 salas com capacidade total para 1.200 pessoas. A venda será online, pela Rymer Leilões, vinculada à 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Até ontem, o site da empresa registrava 1.404 arrematantes homologados. 


Por meio de nota, a rede Othon afirma que a venda faz parte da estratégia de reestruturação da empresa, e será usada para pagamento das verbas trabalhistas, além de outros credores, cumprindo, assim, uma parte importante do plano da recuperação judicial.

Demanda por salas comerciais cai

O diretor da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi) Rodrigo Carvalho afirma que a demanda por salas comerciais no centro de Belo Horizonte caiu, mas, os pontos bem localizados ainda têm boa procura. 


“Em dezembro do ano passado e em janeiro deste ano, estávamos muito aquecidos. Com a pandemia, tivemos muita entrega de salas, por causa do crescimento do home office. No entanto, no caso de lojas entregues, teve muita gente aproveitando para ficar com bons pontos que ficaram vagos”, observa Carvalho.