Crise

Restaurantes sofrem com aluguel e inflação

Segundo Abrasel-MG, um em cada três estabelecimentos amarga prejuízo em BH

Por Ludmila Pizarro
Publicado em 05 de agosto de 2016 | 03:00
 
 
Portas fechadas. A confeitaria Momo optou por sair da Savassi por conta do alto preço do aluguel Foto: Moisés Silva

Custos fixos como aluguel, impostos e funcionários, somados a inflação da matéria-prima e a queda no número de clientes estão colocando um em cada três estabelecimentos de alimentação de Belo Horizonte no vermelho. A informação é da regional mineira da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG). Segundo o presidente da entidade, Ricardo Rodrigues, “muitos desses estabelecimentos que estão no vermelho estão sem perspectiva de chegar ao final do ano abertos e devem fechar”, lamenta.

Para Rodrigues, o setor tem enfrentado dificuldades desde o segundo semestre do ano passado. “Há cerca de um ano, temos enfrentado uma queda de 35% no público dos bares e restaurantes. E não tivemos recuperação ainda dessa perda”, afirma. “No ano passado, muitos estabelecimentos fecharam, mas a informalidade é significativa no setor e pode ter mascarado essa realidade. Esse ano, porém, empresas mais tradicionais diminuíram”, declara. Ele se refere ao fechamento de duas lojas da rede Habib’s na capital e do café La Place, no bairro Funcionários.

O aluguel foi considerado pelo presidente da entidade um dos principais vilões. A confeitaria Momo optou por sair da Savassi no início do mês passado, segundo um dos proprietários, Henrique Guerra, por causa do aluguel. “Resolvemos investir nas lojas próprias. O aumento no valor do aluguel da loja da Savassi inviabilizou nossa manutenção no endereço”, relata. Segundo o empresário, as atividades foram transferidas para a unidade do bairro Cidade Jardim, que passou de 80 metros quadrados para 300. “Investimos R$ 600 mil na loja da Cidade Jardim e R$ 500 mil na loja da Floresta”, diz. Guerra. Porém, ele admite que seu faturamento não cresce há três anos. “O cliente corporativo sumiu, é o cliente da loja que está mantendo o faturamento que não caiu mas também não cresce”, conta.

Míriam Furtado é empresária do ramo e, para sobreviver, “encolheu”. “Para não fechar unidades, demiti 30% dos funcionários, diminuí o horário de funcionamento e abri mão do churrasco. Chegou um momento em que as despesas com funcionários representavam 38% do faturamento e 35% eram gastos com matéria-prima, dos quais 60% eram carne”, conta.

“O próprio cliente sabe que o preço dos alimentos subiu, mas não conseguimos repassar nada para o cardápio”, diz Ricardo Rodrigues, que é proprietário do restaurante Maria das Tranças.