Transações

Roubo de dados do crédito é maior golpe no e-commerce

Segundo pesquisa, 3,53% de todas as compras no ambiente digital são tentativas de fraude

Por Fábio Corrêa
Publicado em 03 de junho de 2019 | 03:00
 
 
Compra física ainda é mais segura; especialista recomenda nunca fornecer dígitos do código de segurança a terceiros Foto: Cristiane Mattos

O mercado de vendas online é cada vez mais presente no dia a dia dos brasileiros. No entanto, como a maioria das transações desse segmento é feita por meio do cartão de crédito, a prática requer cuidados por parte dos consumidores para que fraudes e golpes sejam evitados.

O e-commerce registrou um crescimento de 12% e um faturamento de R$ 53,2 bilhões em 2018, em relação ao ano anterior, segundo pesquisa da Ebit/Nielsen. Mas outro estudo, dessa vez da consultoria ClearSale, mostra que, no país, 3,53% de todas as transações digitais de lojas que vendem bens físicos foram alvo de tentativas de fraude. O percentual é um pouco maior que em 2017, quando essa parcela foi de 3,42%.

Segundo o gerente de analytics da ClearSale, Rafael Dias, a maior parte das fraudes realizadas no Brasil está relacionada à apropriação indevida de dados de cartão de crédito por terceiros, golpe chamado de “subscrição”. Como o roubo das informações do cartão pode ocorrer tanto no meio virtual quanto no meio físico, o especialista orienta os consumidores a, primeiro, não fornecer dados para estranhos – principalmente o código de segurança.

Outro ponto a ser observado é ter certeza que o site onde a compra é feita é confiável – em algumas situações, os golpistas desenvolvem páginas idênticas, com o mesmo logotipo e a mesma identidade visual de uma marca com credibilidade, apenas para capturar os dados do cliente. “Além disso, é preciso desconfiar de promoções bem agressivas, como, por exemplo, metade ou um terço do valor de mercado do produto, o que faz com que as pessoas acabem digitando os dados”, explica Dias.

Remediando. Mas o que fazer se os dados do cartão de crédito forem vazados, e, de posse deles, o golpista concluir uma compra online? O principal é ficar ligado na fatura. “Se aparecer algo indevido, a primeira coisa é ligar para a bandeira do cartão e checar se realmente ocorreu”, diz ele, acrescentando que, se a fraude foi bem-sucedida, o segundo passo necessário é o bloqueio do cartão de crédito. “Assim, o fraudador não vai poder fazer mais compras”, diz.

Como não há necessidade de digitar uma senha antes da maioria das compras no e-commerce, explica Dias, as bandeiras costumam estornar essas transações fraudulentas. “O banco diz que o estorno dessa compra é responsabilidade do varejista. Uma vez que você liga para o banco e comprova que não foi o responsável, aquele valor é estornado. É um sistema que beneficia muito o consumidor”, afirma.

Foi o que aconteceu com o analista de sistemas Vinícius Correa, 32. Numa viagem à Rússia, ele recebeu a notificação da operadora de que alguém havia utilizado o cartão de crédito dele para adquirir uma passagem aérea de cerca de R$ 5.000.

O paulista conseguiu bloqueá-lo, mas passou o resto da viagem utilizando só o cartão da mulher. Porém, na viagem de volta, por um problema na conexão, os dois tiveram que pegar aviões separados. “Ela teve que ficar mais uma noite na cidade, sem o cartão dela, sem nada. Só descobri que eu havia ficado com ele quando cheguei ao Brasil”, relembra.