Extremos

Setor de construção foi o que teve o maior prejuízo em 2018

Destaque positivo é a MRV, com o maior lucro; outra mineira, a Mendes Júnior, teve a maior perda

Seg, 08/04/19 - 03h00
MRV teve o melhor resultado operacional de sua história em 2018 | Foto: MRV Engenharia/Divulgação

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O setor de construção foi o que registrou o maior prejuízo consolidado em 2018, com R$ 2,83 bilhões em perdas, segundo levantamento feito pela Economatica, empresa de informações financeiras, e levou em conta as companhias de capital aberto. No ano anterior, a situação também não foi das melhores para a atividade, com prejuízo de R$ 3 bilhões. Duas mineiras se destacaram: a MRV foi a que teve o maior lucro do setor, e a Mendes Júnior, o maior prejuízo em 2018.

Para o diretor executivo de relações institucionais da MRV, Raphael Rocha Lafeta, o bom desempenho da empresa no mercado é fruto de ações que vêm sendo realizadas ao longo dos anos. “Eu atribuo o destaque no mercado à equipe, ao foco na inovação e na sustentabilidade”, diz.

De acordo com o balanço, no ano passado, foi registrado o melhor resultado operacional da história da MRV, com recorde de lançamentos e vendas, sendo R$ 7,02 bilhões e R$ 6,74 bilhões, respectivamente. A receita líquida aumentou 13,8%, e o lucro líquido registrou alta de 5,6%. Com quase 40 anos na ativa, a empresa apurou lucro líquido de R$ 690 milhões em 2018 e tem hoje 12% do mercado nacional.

Por outro lado, a Mendes Júnior teve prejuízo de R$ 1,124 bilhão em 2018. A empresa está em recuperação judicial desde 2016 e teve seu nome envolvido na operação Lava Jato.

Diferentemente dos resultados de crescimento da MRV, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil no ano passado atestam as dificuldades vividas pela atividade, já que a redução foi de 2,5% no país, enquanto o PIB nacional teve alta de 1,1%. Em Minas Gerais, também foi verificado recuo do PIB do setor, embora num patamar menor (-0,4%), conforme a Fundação João Pinheiro. Em 2018, o PIB do Estado registrou alta de 1,2%.

O economista e coordenador sindical do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Daniel Furletti, observa que não são recentes as dificuldades enfrentadas pelo setor, já que o PIB da atividade caiu quase 30% no intervalo de 2014 a 2018 no Estado. Para ele, as reformas estruturais, em especial a da Previdência, são essenciais para criar um ambiente de crescimento. A estimativa é de alta de 2% no PIB do setor no país neste ano.

Petrobras e Vale lideram o ranking

A Vale foi a segunda companhia com maior lucratividade entre as empresas de capital aberto em 2018, de acordo com levantamento da Economatica, com R$ 25,6 bilhões. A mineradora só perdeu para a Petrobras, que registrou lucro de R$ 25,8 bilhões. Entre as empresas com os maiores prejuízos, a liderança ficou com a gigante do setor de alimentação BRF, com R$ 4,44 bilhões, seguida pela Minerva, do mesmo ramo, com R$ 1,26 bilhão. A terceira colocação foi justamente a Mendes Júnior, com prejuízo R$ 1,124 bilhão.

Professor de economia do Ibmec/BH, Felipe Leroy observa que a situação da Vale e das empresas de alimentação são diferentes por causa do perfil do consumo e da importância no mercado. “Por ser a maior no seu ramo, a Vale dita as regras do setor no país. No caso da carne, o consumidor pode trocar de marca, ou mesmo deixar de consumir um produto”, analisa.

Ainda de acordo com a pesquisa, o setor mais lucrativo em 2018, de acordo com a Economatica, foi o de bancos, com R$ 74,6 bilhões de lucro. Para o diretor do banco Semear, Paulo Sávio, a perspectiva para este ano é de crescimento de 20% no volume de negócios. “Somos um termômetro, pois financiamos o consumo, com destaque para os eletrodomésticos e os móveis”, diz.

Juntas, três estatais batem recorde histórico

As três maiores empresas estatais de capital aberto do país – Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil – tiveram lucro de R$ 51,9 bilhões no ano passado, que é o maior valor já registrado pelas três estatais historicamente, de acordo com levantamento feito pela Economatica. Em 2018, as três empresas registraram lucro, fato que não acontecia desde 2011, quando, juntas, lucraram R$ 49,1 bilhões. Aliás, a Petrobras liderou o ranking de maior lucratividade do país em 2018 (R$ 25,7 bilhões).

Já entre 2014 e 2017, o resultado consolidado das três estatais juntas havia sido prejuízo. O valor de mercado delas no último dia 27 de março foi de R$ 554,9 bilhões, o maior valor consolidado em fechamentos anuais da história.

Neste ano, porém, as estatais convivem com a possibilidade de privatização. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na última sexta-feira que, se o governo de Jair Bolsonaro vender 20% ou 30% das estatais, “está ótimo”. “Eu estou absolutamente seguro e confortável que vamos fazer isso (reforma fiscal e privatizações)”, comentou. (JG com agências)

Capital aberto

Na Bolsa. Considerando todos os setores, o lucro de 311 empresas em 2018 foi de R$ 241,1 bilhões, contra R$ 116,5 bilhões no ano anterior, o que significa crescimento de R$ 124,5 bilhões, ou 106,8%.

 

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