Batizar um produto com o nome da própria marca não é um feito pequeno. Há alguns exemplos clássicos, como Maizena, Gilette ou Band-Aid, que explicitam, além de um marketing bem-feito, uma relação sólida entre o fabricante e o consumidor do produto. Em Minas, há um bom exemplo desse seleto grupo de empresas que possuem “marcas-produtos”. Em qualquer loja de eletrodomésticos do Estado, o cliente não pede um exaustor de gordura, mas um Suggar. Embora atualmente o tradicional produto nem represente o principal faturamento do grupo, ele foi o responsável pelo crescimento da marca, fundada há 35 anos.


“Hoje, nosso principal faturamento vem de máquinas de lavar. No ano passado, vendemos 1,43 milhão de unidades desse modelo”, diz o presidente da empresa, José Lúcio Costa. O programa do governo federal, Minha Casa Melhor, que oferece crédito com juros subsidiados para que beneficiários do Minha Casa, Minha Vida possam comprar móveis e eletrodomésticos deve dar um impulso ainda maior à empresa, segundo Costa. A situação econômica do país, inclusive, é vista com otimismo pelo empresário.

“Estamos no mercado há muito tempo e já vimos muita coisa. A inclusão de toda uma nova classe social no mercado consumidor foi muito importante para a indústria.

Ouvimos na mídia que a economia está ruim, mas não tenho do que reclamar”, avalia. “Dizem que o país vai crescer de 1% a 2% ao ano, mas minha empresa vai crescer 20%, 25%”, completa.

Em 2012, o grupo faturou R$ 470 milhões, o que representou uma alta de 25% na comparação com o ano anterior. Para o ano de 2013, a expectativa é manter um ritmo forte de crescimento, com o faturamento podendo chegar próximo de meio bilhão de reais.

De todo o faturamento do grupo, cerca de 70% vem da fabricante de eletrodomésticos. O restante vem das lojas Cook Eletroraro, que representou o nascimento da marca. Fundada cinco anos antes da fábrica, a Cook nasceu com a proposta de planejar cozinhas, despensas e banheiros. Em seguida, a marca evoluiu para a Eletroraro, que aliou ao serviço de planejamento a venda de eletrodomésticos de primeira linha. Hoje, são cinco lojas próprias em Belo Horizonte.

Asiáticos. Dos 154 produtos vendidos pela Suggar, 145 são importados da China. “A gente tinha um pouco essa cultura patriótica de fabricar todos os produtos. Mas pelo que a gente gasta para fabricar um cabo de ferro de passar, a gente compra o produto pronto da China”, compara. Segundo ele, os produtos chineses são feitos com a mesma tecnologia usada nas fábricas de todo o mundo. A diferença, diz, são os impostos menores e a mão de obra mais barata e disponíveis em grande quantidade que explica essa diferença de preço.


Trajetória
Começo.
Órfão de pai desde os 12 anos, Lúcio Costa teve de começar a trabalhar cedo para ajudar a mãe a criar os quatro irmãos mais novos. Ele começou vendendo balas na porta de um circo até conseguir seu primeiro emprego como vendedor em uma loja de móveis.

Vocação. Seu talento como vendedor o fez conseguir um emprego na unidade de Gereral Electric em Belo Horizonte. Seu desempenho vendendo máquinas de escrever fez com que logo se tornasse gerente regional.

Estudo. Estudando administração em Belo Horizonte e direito em Divinópolis, Lúcio conheceu a arquiteta Patrícia Xavier.

Empresa. Os dois idealizaram o negócio de cozinhas planejadas de fórmica e criaram a Cook, em 1973. Dos eletros fornecidos, ele notou a deficiência do exaustor. Foi quando, com a ajuda de um amigo engenheiro, criou o Suggar, que logo se tornou sucesso entre as donas de casa.