A adoção do home office pelas empresas durante a pandemia ainda deixa marcas na cidade, mesmo com índices epidemiológicos mais baixos neste momento e muitos negócios adotando o modelo híbrido, em vez de manter os funcionários em casa

O Edifício Seculus, no bairro Funcionários, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, é uma das referências de endereço de empresas de tecnologia na capital. A startup de marketing digital Rock Content, por exemplo, alugava três andares e, com a pandemia, reduziu para um. Após um período de baixa de ocupação, o prédio aproxima-se dos 60%, com perspectiva de aumento capitaneado por grandes empresas. 

“Tivemos que reduzir o quadro de porteiros e pessoal de limpeza, porque a demanda diminuiu, mas estamos recompondo a equipe”, explica o responsável pela gestão do edifício, Thiago Mourão. Diferentemente do endereço principal do grupo Seculus, na rua Paraíba, outros dois endereços, na rua Alagoas e na avenida Bias Fortes, não passam de 40% de ocupação. 

Vice-presidente das administradoras de imóveis da Câmara do Mercado Imobiliário e do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Flávia Vieira avalia que as salas comerciais menores, utilizadas por profissionais liberais como advogados e arquitetos, serão as últimas a recuperar a ocupação. “A ocupação de prédios comerciais ainda está baixa, mas já percebemos uma retomada. As empresas maiores fazem esse momento primeiro”, diz.

Até empresas que não dependem de aluguel readaptam espaços para o novo momento do mercado. A Belgo Bekaert, da indústria de aço, adotou o modelo híbrido e os funcionários podem agendar dias de trabalho presencial para utilizarem o espaço da empresa ou em espaços de coworking parceiros. “É a autonomia da pessoa. Muitas pessoas já vão voltando para o nosso coworking interno, principalmente quando querem se reencontrar”, conclui a gerente de Gente, Cultura e Engajamento Cristiana Carnevalli. 

Gigantes

Grandes empresas de tecnologia, como Apple e Google, estão apostando no trabalho híbrido, mas com alguma rigidez. O Google pediu que grande parte dos funcionários retorne aos escritórios pelo menos três dias por semana e a Apple exige presença no escritório pelo menos um dia por semana e mais dias até maio.