Eleições 2024

Bolsonaro desembarca em Minas com missão de alavancar candidaturas de aliados

Ex-presidente quer mostrar força do prestígio em cidades onde ele saiu vencedor na disputa de 2022

Por Hermano Chiodi
Publicado em 02 de abril de 2024 | 17:08
 
 
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é recebido por apoiadores em Uberaba Foto: Redes Sociais: Cristiano Caporezzo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vestiu a roupa de cabo eleitoral e desembarcou em Minas Gerais nesta terça-feira (2) para tentar alavancar a campanha de aliados políticos que irão disputar as eleições municipais de outubro.

Para o deputado Domingos Sávio (PL), presidente do PL em Minas, a presença é fundamental. “Estamos todos unidos. Somos a maior bancada federal hoje e temos a liderança do presidente Jair Bolsonaro, que é considerado um dos melhores cabos eleitorais do país; que fez um governo austero e está sofrendo uma perseguição. Mas cada dia que perseguem o Bolsonaro, mais forte ele fica. Isso fortalece o PL”, diz.

Esta é a quarta passagem de Bolsonaro por Minas Gerais depois da eleição presidencial de 2022 e a primeira neste ano eleitoral. Seu principal adversário na cena política nacional, o presidente Lula (PT), passou o ano de 2023 sem nenhuma visita ao Estado; em 2024, já esteve duas vezes: passou por Belo Horizonte, em fevereiro, e por Serra do Salitre, no Triângulo Mineiro, em março.

“Bolsonaro estará presente não só aqui no Triângulo Mineiro, mas em toda a Minas Gerais (...)  para nós do PL, um motivo de muita alegria poder contar com ele, começando por uma região que é muito importante e onde nós teremos pré-candidatos a prefeito nas duas maiores cidades. Ele faz isso essa semana, mas estará também, no futuro próximo, visitando todas as outras regiões de Minas Gerais”, conclui Domingos Sávio.

Postura diferente da que deve ser adotada por Lula. O presidente do PT em Minas, deputado estadual Cristiano Silveira, destacou a importância do petista como cabo-eleitoral, mas já avisou que ele deve evitar posturas muito fortes em cidades onde exista disputa entre aliados. “Não é razoável que Lula faça uma opção em um cenário no qual diversos candidatos o apoiaram no segundo turno (das eleições presidenciais, em 2022)”, justifica Silveira. 

Início de caminhada

O primeiro compromisso do ex-presidente é em Uberaba, no Triângulo Mineiro, nesta terça-feira, onde Bolsonaro participa do lançamento da pré-candidatura de Samir Cecílio (PL), ex-vereador na cidade. Na quarta-feira (3), Jair Bolsonaro vai a Uberlândia participar do lançamento da pré-candidatura a prefeito do deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL). 

Em Belo Horizonte, cidade na qual Bolsonaro anunciou apoio ao deputado estadual Bruno Engler (PL), a previsão é que o ex-presidente visite no próximo mês. “Estamos trabalhando para que o presidente esteja em Belo Horizonte no início de maio. Na passagem ele (Bolsonaro) poderá visitar também Contagem e cidades da Região Metropolitana”, destaca.

Divisão

Em sua passagem por Minas, Bolsonaro não irá se encontrar com o governador Romeu Zema (Novo). Os dois são aliados e estiveram juntos na última eleição. Após a derrota de Bolsonaro, Zema se tornou um dos principais rostos da oposição a Lula e chegou a ir a São Paulo, em fevereiro, para acompanhar a manifestação de apoio a Bolsonaro, na Avenida Paulista.

Porém, a declaração de apoio feita por Bolsonaro aos candidatos de seu partido mostra que as disputas municipais podem provocar um racha no grupo que caminhou junto com o ex-presidente na eleição presidencial de 2022. 

Em Uberlândia, exemplo mais forte, o Novo, partido de Romeu Zema, afirmou que busca construir uma candidatura majoritária, mas dá sinais que pode embarcar na candidatura do atual vice-prefeito, Paulo Sérgio (PP), que vai para a disputa contra Caporezzo com o apoio de outro antigo aliado de Bolsonaro, o atual prefeito Odelmo Leão (PP).

Para o cientista político Adriano Cerqueira é uma situação normal, que deve acontecer nas cidades onde há segundo turno, tanto com o campo identificado como “direita” quanto com os partidos de “esquerda”. O professor alertou, no entanto, que este cenário não deve se repetir em todo o Estado.

“A grande maioria dos municípios terá uma eleição de um único turno. A exceção são a capital e cidades com mais de 200 mil eleitores, que é o caso de Uberlândia e Uberaba. Nestas cidades, geralmente há um número maior de candidaturas. A possibilidade de segundo turno dispensa o afunilamento em primeiro turno. Nas cidades menores, as candidaturas, de direita ou esquerda, não se pode dar ao luxo de dividir o eleitorado”, avalia.