O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Palácio do Planalto, se reuniu, na manhã desta segunda-feira (19), com oito ex-presidenciáveis, incluindo Fernando Haddad (PT), atualmente candidato ao governo de São Paulo e que substituiu Lula nas eleições de 2018, após ele ter sido preso e impedido de participar da disputa.

Além de Haddad, estavam presentes no encontro com o ex-presidente, em São Paulo, Guilherme Boulos (PSol-SP), que concorrerá à Câmara dos Deputados, Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa com Lula, Marina Silva (Rede-SP), candidata à Câmara dos Deputados, Luciana Genro (PSol-RS), candidata a deputada estadual, Cristovam Buarque (sem partido), Henrique Meirelles (União) e João Vicente Goulart (PCdoB).

Antes de passar a palavra para Lula, o ex-ministro Aloizio Mercadante explicou que esses ex-presidenciáveis foram convidados porque já haviam manifestado apoio à candidatura petista, mas que "o espaço continua aberto" para outros. A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) não compareceu porque foi sucessora de Lula, e não disputou contra ele.

Lula abriu a fala lembrando que há muito tempo não conversava com Marina Silva, Cristovam Buarque, Luciana Genro e Henrique Meirelles. Ele também lembrou que hoje o educador Paulo Freire completaria 101 anos, mas desta vez não citou a mensagem de Freire adotada na campanha.

"É um dia alegre pra mim porque essa reunião simboliza a vontade que essas pessoas têm de recuperar a democracia no nosso país. É importante esse dia porque se Paulo Freire fosse vivo, hoje ele estaria completando 101 anos de idade, uma idade que pretendo ultrapassar. Essa fotografia representa a reconstrução do Brasil." 

Em seguida, o ex-presidente reiterou que vai haver uma "briga" para discutir o chamado "orçamento secreto", adotado na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, que é criticado pela falta de transparência nos repasses bilionários das "emendas de relator" do Congresso Nacional.

"Todo mundo aqui sabe da briga que a gente vai ter pra que a gente possa discutir esse orçamento secreto. Muita conversa, muita reunião pra gente resolver esse problema."

Lula também reiterou que vai se esforçar nesta reta final da campanha para conquistar votos e vencer no primeiro turno.  

"Da parte dos meus adversários tem duas brigas. Um lado pra derrotar o Bolsonaro e outro pra não deixar que eu ganhe no primeiro turno. Mas eu quero ganhar, por isso vou trabalhar."

Ex-presidenciáveis reafirmam apoio a Lula

O ex-governador do Distrito Federal, ex-ministro de Lula e ex-senador Cristovam Buarque disse que Lula é quem "tem mais condições de trazer coesão e rumo para o Brasil". Ele também reforçou a importância de decidir as eleições no primeiro turno.

"Nós precisamos barrar o risco e assombro de reeleição do atual presidente da República. Não tenho dúvida de que ele ganhará no segundo turno, mas serão quatro semanas imprevisíveis do ponto de vista de violência nas ruas e fake news. Nós precisamos evitar de toda maneira o segundo turno, não é responsável hoje irmos para o segundo turno. É democrático o voto no primeiro turno."

A ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva chamou atenção para a violência política, inclusive dentro de igrejas. Marina é evangélica e tenta atrair esse eleitorado para a candidatura de Lula.

"É lamentável que a gente além de ter pessoas sendo assassinadas porque pensam diferente, [há] pessoas atirando umas nas outras dentro da igreja. Isso não pode prosperar. E com certeza, como a vida busca a vida, a democracia busca a democracia, o bom-senso busca o bom-senso, nós haveremos de ser vitoriosos." 

Por sua vez, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles foi sucinto e focou nos dados dos resultados dos governos Lula. Ele foi o responsável pela criação da regra fiscal do teto de gastos durante a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), regra que Lula promete rever e até mesmo derrubar.

"Esse é o resumo dos fatos, na minha opinião é o que interessa: emprego, renda, padrão de vida pra população e mostrar quem faz, quem realiza. Essa história de falatório pode impressionar muita gente, mas eu acredito em fatos. Eu olho os resultados dos seus governos e isso nos faz estar aqui. Estou aqui com tranquilidade e confiança porque sei o que funciona e pode funcionar no país."

Em seu discurso, Luciana Genro disse que a união dos ex-candidatos com Lula é uma "frente anti-fascista". Ela classificou o governo Bolsonaro como "um projeto racista, misógino, LGBTfóbico, um projeto que quer eliminar os seus adversários".

Embora integrem partidos que estão coligados com o PT, os ex-presidenciáveis Heloísa Helena (Rede) e Eduardo Jorge (PV) não compareceram à reunião. A ex-senadora declarou  apoio a Ciro Gomes (PDT) e Eduardo Jorge se manifestou a favor de Simone Tebet (MDB). Ele diz que não foi convidado para a reunião.

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