Eleições 2022

Viana admite ser ‘plano b’ de Bolsonaro: ‘Novo não quis apoio do presidente'

O candidato ao governo de Minas pelo PL afirmou, em sabatina no G1, que partido de Zema 'fez política da pior forma possível'

Por Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2022 | 16:44
 
 
Carlos Viana Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O candidato ao governo de Minas Gerais, senador Carlos Viana (PL) declarou que o partido do governador Romeu Zema (Novo), na reta final, virou as costas para o presidente Jair Bolsonaro (PL) e não aceitou o apoio oferecido. A fala do senador foi durante sabatina, nesta terça-feira (23), ao podcast Frango com Quiabo, do portal de notícias G1. Questionado se considera sua candidatura com um ‘plano B’ para o palanque de Bolsonaro em Minas, Viana afirmou que sim.

“Eu tenho muita tranquilidade de dizer que sim. Porque quando o presidente me fez o convite para ir ao PL e colocar meu nome a disposição, ficou claro que a intenção era unir a direita em Minas Gerais. Mas o partido do atual governador (Novo) não quis o apoio”, disse o candidato. 

"É um partido que veio para política dizendo que não ia fazer política, mas acabou fazendo da pior maneira possível que é entregando os bens do Estado para o clube de milionários que fundou o partido Novo, ou então para partidos políticos que estão usando a estrutura da máquina para o pedido de reeleição. Eu não sou contra a política, vim para a política, estou político, e enquanto eu estiver político, farei política com transparência”, disparou o candidato na sabatina. 

Viana ainda pontuou que a gestão Zema recebeu apoio político do governo federal durante todo o período de mandato, mas que, mesmo assim, o Novo “virou as costas para Bolsonaro.”

“O partido não quis o apoio do presidente, deram as costas. E olha que o presidente ajudou muito Minas Gerais. Eu sou testemunha da quantidade de vezes que o governador foi recebido do Palácio do Planalto. A dívida de Minas de R$ 460 bilhões, da qual R $120 bilhões são com o tesouro, não foi cobrada, por conta do apoio político do presidente com o estado. Na reta final, acabou não acontecendo”, afirma Viana que comemora.

“Para mim foi ótimo. Estou senador de primeiro mandato, continuo meu mandato e eu tenho possibilidade de mostrar aos mineiros como a política pode ser melhor”, completa.

A candidatura de Viana demorou para ser confirmada pelo PL. Apesar do senador ter se colocado com pré-candidato ainda no ano passado, quando ainda era filiado pelo MDB, e ter se filiado ao PL a convite de Bolsonaro, a oficialização do seu nome como o palanque mineiro do presidente só se deu 13 dias depois da convenção estadual do partido, após reunião em Brasília com Bolsonaro. 

Base de apoio

Questionado sobre governabilidade em caso de ser eleito, já que a coligação em torno de sua candidatura (PL, Republicanos e PRTB) possui apenas 13 deputados estaduais, Viana ameniza e diz acreditar, que caso seja eleito, irá conseguir construir uma ampla base de apoio. 

“Há uma peça (teatral), me parece que de Shakespeare, em diz que ‘as pessoas amam a coroa e não o rei’, aquele que está no comando, e aqui nesse país, com a caneta, esse faz a base que quiser”, afirmou Viana. 

O senador classificou sua coligação como de “resistência” e de “última hora.”

“Eu não tive como fazer como o atual governo fez. Pegou R$ 1 milhão do Fundeb, dinheiro da educação básica, chamou os prefeitos e falou:' me apoia aqui que eu vou reformar as escolas’, com dinheiro do Fundeb. Não tive como chamar os deputados e oferecer emendas”, disse.

Regime de Recuperação Fiscal

Na sabatina para o G1, Viana ainda criticou o Regime de Recuperação Fiscal, defendido pelo atual governo como a única solução para o pagamento da dívida do Estado com a União. 

“O RRF não funcionou no Rio de Janeiro, porque estrangulou o Estado. Primeiro você não tem possibilidade de promoção e aumento para os servidores. Nenhum estado sobrevive se você não tiver servidores qualificados e bem remunerados. Uma coisa é inchaço, contratar sem controle, outra coisa é você ter o estado com os cérebros não valorizados e não remunerados", afirmou e defendeu que haja uma revisão nas regras do RRF. 

“O regime precisa passar por uma mudança. Temos que criar regras diferentes de acordo com cada Estado. Porque se o Estado perde a capacidade de investimento, até as notas internacionais são menores”, pontuou Viana. 

O candidato ainda criticou a decisão do ministro do STF, Kássio Nunes Marques, que liberou Minas à aderir ao RRF sem a autorização da ALMG.

“O Supremo Tribunal Federal, ao meu ver, hoje está tomando decisões políticas. A várias decisões contestáveis sim. E essa do ministro Kássio é mais uma. Então para que nós temos uma Assembleia? Se a Assembleia não aprovou, algum motivo tem. E faltou diálogo. Faltou política. Sentar com os deputados e com os servidores para encontrar um formato em que o estado saia dessa dependência, mas que a gente não deixe de valorizar o servidor”, destacou Viana. 

O governo de Minas enviou à ALMG, em 2019, Projeto de Lei para autorizar Minas a aderir ao RRF. No entanto, a matéria não foi votada pelos deputados, que alegaram falta de transparência no plano. O tema virou disputa política entre Executivo e Legislativo. Em junho deste ano, o STF, em decisão liminar e monocrática do ministro Nunes Marques, autorizou o Minas aderir ao regime, sem o aval do Legislativo.