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Ana Elisa Ribeiro cria adaptação bem singular de ‘Romeu e Julieta’

Em “Romieta e Julieu – Tecnotragédia Amorosa, a escritora propõe transportar a tragédia aos dias atuais

Por Patricia Cassese
Publicado em 16 de maio de 2022 | 07:00
 
 
“A ficção é um jogo. ‘Se não sabe jogar, não desce pro play’. Não é assim? E, infelizmente, as pessoas têm pouco molejo com o texto”, diz a escritora Ana Elisa Ribeiro Foto: Rafael F. Carvalho

E se a história de Romeu e Julieta transcorresse nos dias atuais, nos quais as redes sociais permitem a comunicação sem grandes esforços? É este exercício que inspirou Ana Elisa Ribeiro em seu mais recente livro, “Romieta e Julieu – Tecnotragédia Amorosa”. Chancelada pela editora RHJ e com ilustrações de Marconi Drummond, a obra terá uma apresentação especial amanhã, na Bienal Mineira do Livro, em curso no BH Shopping. É que, às 10h, a autora vai participar de um esquete do livro com suas alunas. 

Em entrevista ao Magazine, Ana Elisa lembra que já havia feito uma iniciativa similar, de transposição temporal, com a Carta de Pero Vaz de Caminha, em “O E-Mail de Caminha”. “Trouxe a carta para o contexto tecnológico atual e foi bem legal, pois se trata de um conteúdo bem escolar”.

Desde então, ela ficou pensando em narrativas que têm relação com a falta de comunicação. “Claro que minha próxima vítima seria Shakespeare. Nesta história, a gente dá muito valor à morte dos dois e pouca atenção a um detalhe importante, a falha na comunicação. Há o frei que manda um recado que não chega, até porque, os recursos da época não ajudavam. Me fixei nesse ponto e adaptei muito a linguagem, trazendo para o jeito de falar de hoje, o internetês. Mas mantive a natureza da dramaturgia”, explica.

Na adaptação, os jovens já têm, por exemplo, o recurso do WhatsApp. “Quis pensar questões do nosso tempo, do ecossistema midiático, refletir como têm a ver com a nossa vida, como essas mudanças fazem diferença”, resume.