Literatura

Carpinejar lança livro escrito durante quarentena e que reflete sobre isolamento

Publicação já está disponível em formato digital e, no dia 14 de maio, chegará às livrarias; para autor, "as palavras são como a vacina para o medo"

Qua, 06/05/20 - 13h01
Colunista de O Tempo, Carpinejar lança livro escrito durante quarentena e que traz reflexões sobre isolamento social | Foto: Reprodução/TV Globo

"Nunca as varandas foram tão frequentadas. Com o resguardo diante da pandemia, elas se tornaram uma espécie de calçada da família. As pessoas viraram namoradeiras de pedra em seus corrimãos", escreve o poeta e cronista Fabrício Carpinejar ao apresentar "Colo, por favor" (ed. Planeta do Brasil), sua mais recente publicação - escrita e que reflete sobre os reflexos da pandemia e das necessárias medidas sanitárias adotadas para reduzir a velocidade de proliferação da doença.

Com 176 páginas e reunindo 40 textos, uma referência direta à quarentena, a obra já está disponível em formato digital. A previsão é que os exemplares físicos cheguem às livrarias até a próxima quinta-feira, dia 14 de maio. 

O "livro é a minha sacada dos primeiros meses de isolamento, o meu ângulo da transformação radical de nossas vidas", baliza o autor, que tem passado esse período ao lado da mulher, mas distante de seus pais e de seus rebentos.

Os textos que estão na coletânea são interligados, escritos no epicentro da crise, situa Carpinejar, que é colunista de O Tempo, completando que todos partem de um aforismo criado por ele e que acompanham as suas "andanças dentro de meus limites sociais e culturais de observação".

"Ainda não temos uma vacina, mas temos as palavras, que são uma vacina contra o medo", defende o cronista, reforçando que, agora, entende ser fundamental "alfabetizar o medo, domesticá-lo e tentar entender o que está acontecendo, mas não olhar para isso como se fosse o fim. É um  recomeço", defende.

O gaúcho acredita na possibilidade de uma transformação social e em uma mudança de perspectiva. "A gente, hoje, ainda tem uma noção equivocada de que a saúde é nossa, é individual e, apesar das frases folclóricas de que o mais importante é a saúde, sempre deixamos para depois", analisa. "Mas, há uma mudança. A gente está percebendo que a saúde do outro depende da nossa saúde. Haverá um entendimento de que a saúde é um conceito coletivo", elabora. 

O autor defende também que, para além das faxinas que entraram na ordem do dia, precisamos fazer uma profunda limpeza em relação às preocupações cotidianas. "Entendendo que a saúde também psicológica e emocional são construídas com a ajuda do outro, devemos entender que não podemos sobrecarregar as pessoas próximas com angustias imaginárias, que precisamos cuidar do real", aconselha.

"O livro é tudo o que a gente espera com o fim da pandemia, que é o colo. A gente quer se aninhar no mundo, quer sentir parte. Para isso, o abraço e o beijo não bastam", assegura.

O lançamento, antes ainda do Dia das Mães, celebrado no próximo domingo (10), tem um quê de simbólico: "O colo é quando estamos desprotegidos, desarmados, vulneráveis - como estamos nos sentindo agora. E esse gesto, de pedir colo, é como um retorno ao ventre, a propriedade daquele abraço ancestral".

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