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'Falas Femininas': especial da Globo celebra o Dia Internacional da Mulher

Programa, que conta com a participação de Fabiana Karla, vai mostrar as histórias de cinco brasileiras anônimas

Seg, 08/03/21 - 06h30
‘Falas Femininas’ vai contar as histórias de cinco mulheres brasileiras anônimas | Foto: Reprodução Gshow

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Para Fabiana Karla, o especial “Falas Femininas”, que a Globo exibe nesta segunda-feira (8), Dia Internacional da Mulher, após o “BBB 21”,  é, sim, uma homenagem às mulheres brasileiras. “Mas que vai contemplar todos que estiverem assistindo. Estamos falando com os indivíduos e contando histórias inspiradoras. A nossa pretensão, se é que temos alguma, é fazer um lindo programa e ativar alguns sentimentos do ser humano, como a bondade, além de falar das dores e da beleza, falar também da questão do matriarcado”, disse a atriz e humorista, um dos nomes responsáveis por levar o programa ao ar.

Mas, quem são as estrelas de “Falas Femininas”? São cinco mulheres brasileiras, anônimas, que toparam contar suas histórias:  a rapper e estudante universitária Carol Dall Farra, de 26 anos, do Rio de Janeiro; a auxiliar de enfermagem Cristiane Sueli de Oliveira, de 44 anos, de São Paulo; a diarista Sebastiana do Santos Oliveira, a Tina, de 47 anos, que nasceu na Bahia e mora em São Paulo; a ambulante Gleice Araújo Silva, mais conhecida como Ruana. de 29 anos, da Bahia; e a agricultora Maria Sebastiana Torres da Silva, de 59 anos, do Piauí. 

 

“É uma tarefa muito difícil escolher pessoas. Todo mundo tem uma história para contar. E no Brasil temos mulheres incríveis. Para dar conta deste desafio estabelecemos critérios que não fossem de exceção, ao contrário, pensamos nos critérios que representassem a maioria. Por exemplo, hoje, a maior parte das mulheres brasileiras trabalha no mercado informal. Então, no nosso grupo de cinco, apenas uma tem carteira assinada. Por que? Porque esta é a realidade brasileira”, explicou Patrícia Carvalho, que divide a direção do especial com Antonia Prado. 

O especial “Falas Femininas” é dividido em duas partes: na primeira, em formato documental, a equipe registrou o dia a dia dessas mulheres. Já a segunda etapa foi gravada nos Estúdios Globo, em São Paulo, onde elas conversaram com Fabiana Karla e contaram mais sobre suas histórias. 

“Quando começamos a escutá-las, nos reconhecemos em muitas dessas histórias, nos reconhecemos nas dores, nas vontades, nos receios, nos desejos, e isso traz sororidade. Todos vão se sentir contemplados com a beleza desse especial e com todo o conteúdo que vamos oferecer”, afirmou Fabiana. “Na verdade, conteúdo que elas têm para oferecer, já que elas são as estrelas”, destacou ela.

“Não estamos dando voz a essas mulheres. Elas já têm suas vozes, mas eram caladas, silenciadas, porque não tinham vontade ou oportunidade de contar suas histórias. Eu acho que amplificar a voz dessas mulheres é de suma importância, porque vamos mostrar mulheres reais que vão gerar uma identificação com outras mulheres”, disse a atriz.

Gravação

As cinco protagonistas de “Falas Femininas” se conheceram pessoalmente em janeiro, na gravação do bate-papo com Fabiana Karla. Ao final do encontro, elas foram convidadas a participar de um ensaio fotográfico, que será exibido no encerramento do especial.

 

 diretora Antonia Prado contou que gravar durante a pandemia “foi desafiador em muitos sentidos”. “Primeiro porque o formato do especial pressupunha um convívio próximo com essas personagens. Precisávamos participar do dia a dia delas para descobrir, entre uma tarefa corriqueira e outra, quais os seus medos, sonhos e desejos. Essas não são respostas simples e, em muitos casos, são respostas a perguntas que ninguém nunca havia feito para elas”, pontuou. Outro fator, segundo ela, foram as gravações em sim

Segundo ela, outro desafio foi a gravação em si. Os Estúdios Globo estão adotando uma política muito rígida - e correta - para gravações durante o momento de pandemia. Então, tivemos que nos adaptar ao protocolo e encontrar soluções criativas para impossibilidades do momento. Sempre mantivemos como prioridade a saúde da equipe e das personagens, mas não podíamos deixar de produzir um especial recheado de boas imagens e histórias”, frisou Antonia. 

 

Time feminino

Todo o trabalho foi realizado por uma equipe majoritariamente feminina. “A captação das imagens foi feita apenas por mulheres. Assim como todo o projeto foi liderado só por mulheres. Esta foi uma decisão do nosso diretor de gênero, Mariano Boni, que, para realizar este especial partiu desta premissa”, disse Patrícia.

 

Fabiana Karla, que também participou da equipe de criação do “Falas Femininas”, faz questão de exaltar o trabalho realizado por esse time de mulheres. “Fazer parte da base, da engrenagem, de estar com essa equipe de criação feita por mulheres é demais. Mulheres nas câmeras, nos bastidores, no figurino, na sonoplastia, na edição, até as motoristas foram mulheres. Acredito que isso tem um valor histórico e simbólico muito importante. É um programa genuinamente feminino. Há um olhar muito feminino e firme sobre tudo. É uma força tão poderosa…”, avaliou ela.

Experiência e reflexões

Fabiana Karla, Patrícia Carvalho e Antonia Prado celebram a experiência que tiveram com “Falas Femininas” que, segundo elas, foi de muito aprendizado.  “Falar sobre a mulher brasileira ‘invisível’, que está no ponto de ônibus, nos trabalhos duros e diários, que faz jornada dupla porque trabalha o dia todo fora e ainda precisa voltar ao final do dia para cuidar da sua família e casa é uma grande honra. Muitas vezes, a sociedade não lhe dá o devido valor, apesar de sabermos de toda a importância que a mulher tem como pilar social, afetivo e financeiro nos lares brasileiros. Particularmente, acredito que a minha grande vitória com esse especial será ver as pessoas olharem para o lado e reconhecerem/ valorizarem as mulheres brasileiras”, afirmou Antonia.

 

Já Patricia garante que um dos objetivos de “Falas Femininas” é “provocar muitas reflexões”. A diretora exemplifica citando uma cena do programa que, segundo ela, é muito especial. Na imagem, a agricultora Sebastiana, no sertão do Piauí, está preparando o almoço num fogão à lenha muito alto para ela. “Ela fica na ponta dos pés para alcançar a panela. Então, ela começa a divagar e conta que quem construiu aquele fogão foi o filho dela. Mas  como o filho é muito alto, ele fez o fogão na altura do umbigo dele. ‘Ora! O umbigo dele dá no meu queixo!’, ela fala, rindo”, contou Patricia. “Então ela sai para pegar dois tijolos e pendurada neles consegue terminar a comida. Eu achei isso tão lindo e simbólico!”, destacou a diretora. 

“Dar espaço para mulheres é sempre valioso. É sempre valioso escutar a história de uma mulher, principalmente quando essa mulher é forte, é periférica, é negra, é religiosa. E, quando começamos a escutá-las, nos reconhecemos em muitas dessas histórias, nas dores, nas vontades, nos receios, nos desejos, e isso traz sororidade, que é o que queremos mostrar”, afirmou Fabiana.

 

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