Cinema

Isabelle Huppert vive uma traficante infiltrada na polícia em 'A Dona do Barato'

Atriz fala do novo filme dirigido por Jean-Paul Salomé, que tem estreia marcada para quinta-feira (23)

Seg, 20/09/21 - 11h12
Isabelle Huppert em cena do filme 'A Dona do Barato' | Foto: Reprodução

Jean-Paul Salomé iniciou-se no cinema como assistente de Claude Lelouch. Foi dirigente de associações de classe e, como tal, foi indicado pela categoria para integrar o júri da Caméra d'Or no Festival de Cannes de 2007, do qual também participou o repórter do jornal O Estado de S. Paulo. Salomé possui uma diversificada, senão extensa, filmografia. Antes de A Dona do Barato dirigiu, entre outros, "O Fantasma do Louvre", "Arsène Lupin - O Ladrão Mais Charmoso do Mundo", a versão com Romain Durys, "Contratadas para Matar" e "Se Fazendo de Morto".

Só para lembrar, "O Fantasma do Louvre" mostrava as confusões em que se metia Sophie Marceau ao ser possuída pelo espírito de uma múmia. Contratadas para Matar mostrava cinco mulheres, e uma delas era de novo Sophie, que precisavam resgatar um geólogo inglês para garantir o sucesso do desembarque dos aliados na Normandia.

Salomé adora essas personagens de mulheres fortes que se metem em confusões. A Isabelle Huppert de "A Dona do Barato" é mais uma delas. Tradutora de árabe da polícia - a personagem chama-se Patience, e se há uma coisa que não tem é paciência -, cria uma persona de traficante para ganhar dinheiro. Para isso, tem, de enganar o próprio amante, o chefe da divisão interpretado por Hippolyte Girardot.

Na entrevista, Isabelle deixa claro que adorou fazer o filme. Considera Patience uma de suas personagens mais interessantes. Uma mulher e suas máscaras. Esse tema do duplo - do disfarce - é perene no cinema de Salomé.

Talvez não seja um grande autor, mas faz filmes coerentes e divertidos. Não são só as mulheres (e suas máscaras) que o atraem, Arsène Lupin é outra prova de que o disfarce é essencial em seus filmes. Isabelle deixou subentendido para o repórter que "A Dona do Barato" diz muito sobre as divisões da França contemporânea, que já inspiraram grandes filmes como "O Ódio", de Mathieu Kassovitz, há mais de 20 anos, e o recente "Os Miseráveis", de Ladj Ly.

A diferença é de forma. Kassovitz e Ladj Ly apostaram na urgência e fizeram filmes explosivos. Salomé, mais comercial como opção estética, faz sua aposta na mélange. Mistura gêneros. O filme é uma comédia policial, como algumas que Claude Lelouch já amou fazer. Acrescenta suspense, toques de drama - a doença, a finitude, a morte. É um filme que Salomé talvez não pudesse fazer com outra atriz. Patience é, segundo a própria Isabelle, amoral. E, para que o filme funcione, é necessário que o público sinta empatia por ela.

É esperta, e não apenas. Isabelle possui esse segredo que faz dela uma das grandes atrizes do cinema. É, naturalmente, brechtiana, estabelecendo o distanciamento crítico em relação ao material. Estamos acostumados a vê-la fazer isso com Michael Haneke, Claude Chabrol, Paul Verhoeven.

Na entrevista, ela conta que está em Nova York em férias. É como se esse filme também fosse umas férias para ela. Mais leve, mas a mélange está toda lá. A corrupção, a violência, a falsidade. Para resumir, o estado do mundo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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